A Bahia tem uma população de 14 milhões de baianos e baianas (IBGE 2022), dos quais pelo menos 1,2 milhão convive com a diabetes. O levantamento é do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que recebeu uma resposta positiva sobre o diagnóstico da doença de 9% dos baianos entrevistados em 2023.
Neste contexto, as baianas são as mais afetadas. Enquanto pelo menos 11% delas convivem com a doença no estado, somente 6% dos baianos possuem o mesmo diagnóstico no período correspondente. Por ser uma doença com diversos tipos, sintomas que se manifestam em níveis diferentes e tratamentos que variam de acordo com esses fatores, as dúvidas podem ser comuns.
Neste Dia Mundial e Nacional do Diabetes, celebrado em 14 de novembro. A primeira dúvida que endocrinologistas ouvidas pelo CORREIO indicam sanar, é o diagnóstico, já que cerca de 40% dos baianos e baianas convivem com a diabetes sem saber, segundo alerta Odelisa Matos, endocrinologista e coordenadora de planejamento e ações estratégicas do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) e diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional Bahia.
“Como no tipo mais comum de diabetes a glicemia se eleva mais lentamente, muitas vezes o organismo se acostuma com os níveis altos de glicose e o indivíduo não tem nenhum sintoma, vai diagnosticar quando ele faz algum exame de sangue ou de rotina. Por isso a importância do cuidado regular com a saúde”, destaca Odelisa.
O diagnóstico pode ser dado por meio de exames de sangue como glicemia em jejum (glicose em jejum maior do que 125 ou acima de 200, duas horas depois de uma refeição) e hemoglobina glicada; e por sintomas que variam de acordo com o tipo da diabetes. As mais comuns são diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional.
Segundo explica a endócrino Odelisa, a diabetes mais comum é a do tipo 2, por estar associada com hábitos não saudáveis. Ela costuma a aparecer em adultos acima dos 40, ou em pessoas mais jovens que convivem com a obesidade. Por ter sintomas que demoram mais para aparecer, uma pessoa pode conviver com o tipo 2 da doença sem saber, por tempo indeterminado.
Já a diabetes do tipo 1 é autoimune e costuma aparecer em crianças e adolescentes. Ela é provocada pelo próprio sistema imunológico que ataca as células que produzem a insulina, impedindo que ela seja produzida em quantidade suficiente para fazer com que a glicose entre nas células. Assim, ela permanece na corrente sanguínea, aumentando as taxas de glicemia. Diferente do tipo 2 da doença, ela tem um início mais abrupto, com sintomas que podem surgir em até uma semana.
Quando a diabetes é gestacional, ela surge durante a gestão da mulher, geralmente entre o segundo e terceiro mês. Ela é provocada pelo desequilíbrio hormonal comum durante a gestação, mas pode ser revertida após a gravidez. No entanto, a mulher que teve diabetes nesse período tem mais riscos de desenvolver a doença do tipo 2 ao longo da vida.
Sintomas
A pós-graduada em endocrinologia, Jacqueline Kalil, explica que a cegueira, doenças renais, cardíacas e o risco de amputação são as principais mazelas que os pacientes que não tratam a diabetes, tanto do tipo 1 como do tipo 2, podem enfrentar. No caso de Maria da Graças, o quadro foi reversível, mas a depender do quanto a doença esteja descontrolada, o quadro pode ser irreversível.
Em geral, os sintomas dos tipo 1 e 2 da diabetes são semelhantes como: sede excessiva, micção frequente, fome, cansaço e visão turva. Outros sinais ainda podem servir de alerta para a presença da doença como formiga no vaso sanitário (devido ao excesso de açúcar no organismo) e perda de peso sem motivo aparente (diabetes tipo 2).
“Os pacientes que conseguem manter os níveis de glicose sob controle, a doença tem uma vida normal, desde que se cuide, faça exercícios e se alimente bem. Para aqueles que não conseguem, a maior parte sofre infarto ou AVC [acidente vascular cerebral], dormência nas mãos, perda de sensibilidade, sensação de queimação, dor, má circulação e piora da cicatrização, até problemas no trato intestinal”, detalha Jacqueline.
Tratamento
O tratamento da doença também é diferente para os tipos 1 e 2 em alguns aspectos. As pessoas que convivem com o tipo 1 fazem uso de insulina durante a vida toda. Os diabéticos do tipo 2, usam medicamentos e também podem precisar associá-los com a insulina. Nos casos, no entanto, o tratamento deve estar associado à prática regular de atividades físicas (pelo menos três vezes por semana) e a uma dieta livre de carboidratos simples como açúcar, pães e massas de farinha branca.
Mitos e Verdades
Chá ajuda no controle do diabetes – MITO
Pessoa com diabetes não pode consumir frutas – MITO
Produtos dietéticos só com moderação – VERDADE
Mel pode ser ingerido livremente – MITO
Bebida alcoólica pode ser consumida com moderação – VERDADE
Doces são completamente proibidos – MITO
fonte: Odelisa Matos, endocrinologista e coordenadora de planejamento e ações estratégicas do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) e diretora da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional Bahia; e Carolina Dias, sócia da clínica Carolina Dias e criadora do programa de emagrecimento Mereço+
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Correio