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PRÉ-MENOPAUSA E DEPRESSÃO: QUAL A RELAÇÃO E DE QUE FORMA VEM AFETANDO A VIDA DE TANTAS MULHERES?

João Paulo - 27/10/2023 06:20 - Atualizado 27/10/2023

Menopausa é o termo dado para a parada total da menstruação, se caracterizando como ausência de menstruação por um ano. Mas o período que antecede essa parada completa pode durar mais de 5 anos, sendo denominado climatério, ou peri-menopausa, e muitas vezes são difíceis de diagnosticar, principalmente em mulheres que ainda tem fluxo menstrual.

A mudança de humor e na pele e cabelos, ondas de calorrepentinas são sintomas conhecidos desse período; todos provocados pela queda brusca da produção de hormônios. Essa alteração hormonal não causa apenas desconfortos físicos, mas pode ser preponderante na evolução de um quadro depressivo em algumas mulheres, principalmente na menopausa precoce.

Sim, a menopausa pode desencadear um quadro depressivo, pois afeta os níveis e a sensibilização dos receptores hormonais, conforme explica a médica ginecologista e professora do curso de medicina da Faculdade Pitágoras, Lorena Galaes. “Nós, mulheres, temos receptores estrógeno-específicos (dos tipos α e β) em diversas estruturas do centro de comando do corpo (o SNC), como córtex, sistema límbico, hipocampo, cerebelo e amígdala. A ação estrogênica sobre receptores tem papel importante na síntese, na liberação e no metabolismo de neurotransmissores, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina e a acetilcolina. Os estrógenos também têm uma ação não inibitória em várias regiões cerebrais e promovem a liberação de triptofano, facilitando sua conversão para serotonina”, explica a médica.

O desequilíbrio hormonal tem grande impacto na saúde mental da mulher e esse impacto pode ser ainda maior quando a menopausa chega de forma precoce, antes dos 40 anos. Isso porque, as mulheres que tiveram menos tempo de ação dos estrógenos ao longo da vida (menarca tardia e menopausa precoce) têm maior tendência a sintomas depressivos, com maior gravidade, assim como nas pacientes com menopausa súbita, química ou cirúrgica.

Lorena detalha que o hipoestrogenismo (queda fisiológica dos níveis de estrógenos que acontece durante o climatério) leva, portanto, à diminuição dos neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar e humor, que associados aos outros sintomas climatéricos (insônia, fogachos e diminuição de disposição) podem acarretar um quadro depressivo.

A ação dos estrógenos sobre neuropeptídeos também colaboraria para a modulação de outras atividades, como a termo regulatória em centros hipotalâmicos e o controle da saciedade, do apetite e da pressão arterial sanguínea. Dessa forma, deve-se atentar à síndrome metabólica, alterações no perfil lipídico (aumentando o risco para a ocorrência de doenças inflamatórias crônicas), além de estreitar a zona termoneutra, consequência responsável por apresentar um dos sintomas mais conhecidos do período: as ondas de calor – fogachos.

Quanto aos sinais, a ginecologista explica que podem ser bem inespecíficos e confundidos com cansaço, estresse e problemas psiquiátricos. Nostalgia, choro fácil, irritabilidade, humor deprimido, ansiedade, crises de pânico, fadiga, confusão mental, diminuição de libido, falta de motivação, alterações súbitas de humor e dificuldade de concentração são alguns dos sintomas.

A queda de cognição e diminuição da paciência na interação social podem gerar problemas no trabalho, bem como irritabilidade, diminuição de libido e atrofia genital ou dispareunia, podem evoluir para o desgaste e abalo conjugal. É possível que haja maior sonolência, devido à insônia e fogachos noturnos, ou ainda ganho de circunferência abdominal em virtude dos distúrbios metabólicos.

Imagem de Darko Stojanovic por Pixabay

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