A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) promoveu nos dias 18 e 19 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, o Conahp 2023, para discutir a crise da saúde suplementar e buscar soluções junto aos principais líderes e gestores do setor. As informações são do portal Valor Econômico.
O Congresso Nacional de Hospitais Privados, que bateu recorde de público nesta edição, reunindo 5.396 pessoas, é o maior e mais importante fórum de gestão em saúde do Brasil. A abertura do evento foi marcada pela participação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que reforçou a importância da integração público-privada, um dos focos de debate na programação do congresso. Além do governo, a Conahp contou também com a presença do diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, que abordou estratégias sobre a regulamentação e sustentabilidade do setor.
Em uma iniciativa iniciada na 11ª edição deste evento, foi realizada uma pesquisa com os participantes para aferir a sua percepção do setor a respeito do cenário atual, bem como identificar quais aspectos têm motivado a crise.
Os resultados apontaram que, para 82,51% dos entrevistados, a saúde suplementar enfrentou uma forte crise, e o caminho para a retomada do crescimento sustentável exige mudanças profundas. Nesse sentido, 91,49% afirmam que a solução envolve transformações em todos os elos da cadeia: de operadoras a prestadores de serviços e fornecedores, além de um maior envolvimento dos contratos.
Entre os principais responsáveis por esse cenário de crise, segundo o estudo, estão a necessidade de novos modelos de relacionamento entre os mencionados, as operadoras, a indústria e os contratantes; o aumento dos custos assistenciais; e falta de investimentos em atenção primária e medicina preventiva. Complementares a esses aspectos são a ausência de um ecossistema de dados para gestão de saúde, o envelhecimento populacional e a incorporação de novas tecnologias.
As 7 principais conclusões do Conahp 2023
1. Engajamento público-privado
O SUS é uma das maiores conquistas da nossa sociedade e há, certamente, oportunidades para ampliar a qualidade do atendimento e o acesso da população por meio da integração entre os setores público e privado.
2. Atenção ao paciente
Prevenção, acesso rápido ao cuidado, diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para evitar o impacto para a sociedade, para o paciente e até mesmo para a empresa que paga a conta.
3. Mais conexão
A gestão de recursos muitas vezes é geradora de gastos desnecessários. Entre os passos cruciais para a sustentabilidade do setor, vale destacar a parceria entre os hospitais, laboratórios, operadoras de planos de saúde, indústria e todos os entes ligados à saúde suplementar, além da troca de informações e dados, e da interoperabilidade de sistemas.
4. Tecnologia e inovação
A transformação digital é o motor de um novo modelo de gestão em saúde e, para entrar nessa nova era, é preciso calcular as previsões e o limite da incorporação tecnológica e garantir a integração de dados.
5. Formação profissional criteriosa
É urgente priorizar a qualidade do ensino de medicina. É preciso compensar o modelo atual, olhando com mais atenção para o estágio da residência médica, fase importante de qualificação profissional na carreira de medicina. O desequilíbrio atual implica em profissionais pouco estabelecidos, que muitas vezes prescrevem e agem em desacordo com a ciência, os princípios éticos e as boas práticas da profissão.
6. Médicos gestores
Os profissionais vivem uma dicotomia, pois, ao mesmo tempo que devem cuidar da saúde de seus pacientes, exercem o papel de ordenadores de despesas. É preciso capacitá-los, desde a graduação, para poderem compreender os impactos financeiros das decisões terapêuticas, mas sempre priorizando a qualidade assistencial e a ética da profissão.
7. Como avançar?
Os debates apontaram para a necessidade urgente de um trabalho conjunto de toda a cadeia da saúde, coexistindo com confiança recíproca, a fim de evitar agendas que visem à solução de apenas um segmento e não de todo o sistema.
Foto: Gustavo Rampini