Os programas ambientais da Bracell acabam de ganhar um reforço importante: é o Monitoramento da Regeneração de Áreas Degradadas por Imagens (M-RADI). A ferramenta permite monitorar o avanço da regeneração por meio de imagens geoespaciais, que, após parametrização, fornecem dados quantitativos da restauração florestal ao longo dos anos de forma prática e com menor custo. Liderado pela estagiária Elisiane Dantas da Conceição, o projeto foi desenvolvido pelas áreas de Meio Ambiente e Geoprocessamento da Bracell Bahia e conta com imagens de satélites e com um software de informações geográficas gratuito.
Após a análise quantitativa é feita uma amostragem de validação das informações e coleta de dados quantitativos, levando em consideração fatores como nível de degradação, qualidade do solo, qualidade da flora e a influência dos plantios de eucalipto na região. Joedson Silva, coordenador de Meio Ambiente e Certificações, diz que “a ferramenta potencializa a conservação e a preservação das áreas de mata nativa, melhorando a gestão do Programa de Regularização Ambiental (PRA)”. Ele explica que o projeto permite “reduzir custos, otimizar o tempo e a segurança das informações, além de acelerar a regeneração natural e da biodiversidade”. A Bracell Bahia investe cerca de R$ 600 mil anuais em projetos de recuperação, já tendo regenerado mais de 8 mil hectares.
O projeto consiste no cruzamento sistemático dos dados obtidos por satélite, nos shapes das áreas degradadas pré-identificadas e na metodologia de avaliação das informações, gerando resultados específicos sobre o estágio de regeneração das áreas. Com isso, é possível avaliar as características ambientais dos fatores que influenciam a regeneração natural e a melhoria da biodiversidade. Até a implantação do M-RADI, em dezembro de 2022, a atualização das planilhas era feita manualmente, com visitas periódicas para avaliação de diversas áreas em mais de 30 municípios. Com o monitoramento por imagem, é possível planejar melhor o PRA e tomar medidas assertivas para a restauração natural. Dentre os benefícios da restauração está o aumento do sequestro de carbono pelas matas nativas, o aumento da biodiversidade de fauna e flora, a conservação dos recursos hídricos, a restauração de solos degradados e/ou erodidos e o combate à desertificação.
Além disso, o projeto poderá ajudar na prevenção e controle de incêndios florestais e desmatamento ilegal. Isso porque o M-RADI tem sido testado também para monitorar eventuais intervenções recentes em áreas de vegetação nativa de difícil acesso, podendo gerar um alerta para a área de Segurança Patrimonial e Meio Ambiente da Bracell a fim de verificar a ocorrência e direcionar as medidas imediatas de combate. A Bracell planeja recuperar todas as áreas degradadas em suas propriedades até 2031. Para isso, mantém duas iniciativas principais: o Plano de Erradicação de Exóticas (PEE) e o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad). Este conta com um complexo diagnóstico do solo, vegetação local, clima, relevo, fauna silvestre e outros. Os dados obtidos ajudam a definir se a metodologia de recuperação a ser adotada será a regeneração assistida (com uso do M-RADI) ou regeneração ativa (nucleação, plantio por linhas, adensamento ou chuva de sementes).
Em setembro, o projeto M-Radi conquistou o terceiro lugar na categoria “Estágio” do Prêmio IEL de Talentos, concedido pelo Instituto Euvaldo Lodi, que tem como objetivo estimular o empreendedorismo, a qualificação de talentos e o desenvolvimento das empresas, contribuindo para a consolidação de uma indústria mais forte e competitiva.
Estagiária lidera o projeto
Um dos destaques do projeto, além do avanço para a regeneração de áreas degradadas, é o fato de ele ser liderado por uma profissional em fase de formação. Trata-se de Elisiane Dantas da Conceição, que cursa Engenharia Sanitária e Ambiental na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), e é estagiária no setor de Meio Ambiente e Certificações Florestais na Bracell. O acesso dela ao estágio se deu por meio do IEL, parceiro da Bracell na preparação, seleção e acompanhamento dos estagiários.
Segundo ela, “o estágio na Bracell proporciona várias formas de capacitação, com treinamentos, palestras, minicursos e grupos de trabalho (GTs) que promovem a motivação, o conhecimento e a confiabilidade para a execução das atividades”. Um fato que agrega bastante, na opinião dela, é o fato de a empresa integrar a Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), que conta com um GT com estudiosos, pesquisadores e empresas do Brasil e do exterior que desenvolvem pesquisas focadas na restauração florestal. “Isso faz com que haja um intercâmbio de métodos e tecnologias que aceleram o processo de restauração das áreas degradadas”, observa a estudante.
E um dos resultados dessa união de esforços, como ela ressalta, é o desenvolvimento do próprio M-Radi, que foi detalhado progressivamente à medida que foram obtidas mais informações. “Até a entrega do projeto, houve diversas etapas de elaboração organizadas para garantir o desenvolvimento sustentável, o baixo custo e a funcionalidade da ferramenta”, explica.
Imagens mostram o antes e depois de uma área degradada/ Acervo Bracell