O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo. No mês de julho deste ano, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram produzidos 3,513 milhões de barris por dia (bpd). Deste total 2,638 milhões de bpd foram oriundos do Pré-sal, na Bacia de Santos. Os campos operados pela Petrobras foram responsáveis por 88,47% da produção, sendo que apenas 23,6% têm participação exclusiva (100%) da estatal. Ainda segundo a ANP o Brasil importou 289 mil bpd em julho, sendo a maior parte da Nigéria, Arabia Saudita e Iraque. As exportações de julho foram de 1,796 milhões de bpd tendo como principal destino a China, Estados Unidos e Índia.
Conforme informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) o Brasil é o 9º produtor de petróleo do mundo, possui o 9º maior parque de refino, possui o 8º mercado consumidor do mundo. Ainda, é o 2º maior produtor mundial de biocombustíveis e o setor gera mais de 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos. Ainda segundo o IBP, o Brasil possui 19 refinarias de petróleo, sendo 8 privadas, 354 usinas de etanol, 59 produtores de biodiesel, 42 mil postos de combustíveis, 183 companhias distribuidoras e 416 agentes de comércio exterior.
No entanto, o país também se tornou um grande importador de diesel e gasolina. Existem vários motivos que contribuem para essa situação. Um dos principais motivos é a falta de capacidade de refino suficiente no Brasil. Embora o país tenha refinarias, muitas delas estão desatualizadas e não conseguem atender à demanda interna por combustíveis. Isso significa que o Brasil depende das importações para suprir o déficit de produção local. Segundo dados da ANP, o Brasil importou 1.055 milhões de litros de gasolina em julho de 2023, sendo o principal fornecedor os Estados Unidos, seguidos da Espanha e Índia. Em relação ao óleo diesel, o Brasil importou 2.403 milhões de litros em julho de 2023, tendo o maior volume de diesel importado vindo da Rússia, que vendeu para o país US$ 1,49 bilhão em diesel nos sete primeiros meses de 2023. Outros países que forneceram diesel para o Brasil foram a Colômbia e a Argentina. Isso porque o Brasil também aumentou a mistura de biodiesel no diesel vendido no país passando de 13% para 15%, em julho de 2023.
Outros fatores contribuem para as importações de óleo diesel e gasolina, como a qualidade do petróleo bruto produzido, que não é processado por algumas refinarias. Além disso, as políticas de preços dos combustíveis e do preço do petróleo vendido para a refinarias privadas, também desempenham um papel importante nessa questão. No Brasil, a Petrobras, empresa estatal de petróleo, controla os preços internos do petróleo e dos combustíveis, levando em consideração fatores como o preço do petróleo no mercado internacional, a taxa de câmbio e os impostos. Essa política leva a flutuações nos preços dos combustíveis no mercado interno, o que pode tornar mais atrativo importar do que produzir localmente.
Outro fator relevante é a demanda crescente por combustíveis devido ao aumento da frota de veículos no país e ao crescimento econômico. O Brasil possui uma população significativa e uma indústria em expansão, o que resulta em uma maior necessidade de diesel e gasolina. A produção interna de combustíveis não tem acompanhado o ritmo do aumento da demanda, levando novamente à dependência de importações.
A médio e longo prazos a pressão pela importação desses combustíveis deverá ser atenuada pelo aumento da oferta. A Petrobras pretende construir novas refinarias e na Bahia, além da Acelen, outras quatro refinarias privadas deverão contribuir para isso. A Dax Oil está aumentando sua capacidade de produção de 4.000 bpd para 12.000 bpd e três novas refinarias deverão ser construídas em Ilhéus, Simões Filho e Camaçari, acrescentando cerca de mais 200.000 bpd ao mercado.
Por fim, as políticas energéticas e ambientais também têm um impacto na situação. O Brasil tem buscado diversificar sua matriz energética e incentivar o uso de biocombustíveis, como o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar e, no futuro próximo, do sisal e do óleo diesel vegetal produzido a partir da macaúba. Em resumo, a falta de capacidade de refino, a qualidade do petróleo bruto, as políticas de preços, o aumento da demanda e as políticas energéticas são alguns dos motivos que contribuem para o Brasil ser um importador de diesel e gasolina, apesar de sua posição como um grande produtor de petróleo. Esses fatores combinados resultam em um déficit na produção interna de combustíveis e na necessidade de importações para suprir a demanda do país.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]
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