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FESTIVAL AMPLIA DEBATE SOBRE ESG, CONECTA NEGÓCIOS E CRIA AGENDA DE IMPACTO EM SALVADOR

João Paulo - 20/09/2023 13:20 - Atualizado 20/09/2023

Estimular a conexão de negócios numa agenda de impacto social, discutir os desafios desse cenário e as iniciativas que fomentam a inovação para além do eixo Sul-Sudeste foram os pontos de partida para o Festival Descentraliza Impacto. “Toda vez que falamos de Impacto, essa discussão está em outro eixo, no eixo Sul-Sudeste. Então, quando falamos em Agenda de Impacto, precisamos enfatizar: o Norte e o Nordeste existem e persistem. Muitas coisas acontecem nesses territórios, muitos recursos rolam por aqui e tantas outras problemáticas socioambientais também percorrem por esses espaços. Portanto, a gente precisa olhar pra esse lugar com um olhar de abundância e de atuaçâo de protagonismo”, explica Marcus Bessa, presidente do Impact Hub Brasil.

O Festival Descentraliza Impacto está na sua 1ª edição. Promovido pelo Impact Hub Brasil e Instituto Sabin, responsável pelo investimento social privado do grupo, foi realizado nesta terça-feira (19), em Salvador. “A gente espera que esse evento seja um pontapé para que o ecossistema daqui fique mais fortalecido, com cada vez mais iniciativas, empreendedores e líderes sociais. Queremos que no próximo ano possamos voltar, entendendo os resultados que vão surgir a partir dele para dar prosseguimento e que essa ação seja uma ação continuada”,analisa Gabriel Cardoso, gerente executivo do Instituto Sabin.

A produção do evento foi de responsabilidade da empresa Habitus, empresa que faz gestão de Cultura Organizacional de Impacto e conta com duas baianas à frente do negócio: Camila Oliveira e Daniella Calfa. Portanto, começar por Salvador é especial. “Ter Salvador começando com o desenvolvimento dessa agenda, desse festival que queremos levar para outros lugares, anima ainda mais a missão que a gente tem de desenvolver o impacto. Voltar pra cidade,  ver outros agentes se conectando, enxergar a cidade como celeiro de pessoas de transformação, é algo que a gente vê e acredita que é possível, que é real concretizar o que estamos construindo aqui hoje. São soluções de impacto nessa cidade que a gente tanto ama”, comenta Camila Oliveira, sócia da Habitus e coordenadora de projetos do Impact Hub São Paulo.

O painel teve como tema a descentralização da agenda de impacto nos 4 setores da cidade: público, privado, terceiro setor e acadêmico. De acordo com Uelber Reis, diretor de Resiliência da Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador (Secis), um dos palestrantes do evento, é fundamental a parceria do setor público com entidades do terceiro setor, empresas privadas e sociedade civil. “A cidade pulsa cada vez mais por inovação, sustentabilidade e resiliência. Precisamos descentralizar tanto a captação de parcerias, como a uniformização de processos,com uma busca por novas parceiras. É fundamental pensar em sermos complementares. A prefeitura entende hoje que não consegue fazer tudo sozinha e a comunidade deve entender também que é dona daquilo que está pleiteando. Então, pensar em impacto é pensar sobretudo em participação social ”, analisa.

Durante sua participação no painel, Luciana Rodas Vera, pesquisadora e professora do curso de Administração da UFBA, enfatizou a importância da educação e a participação da universidade dentro da Agenda de Impacto. “O caminho é investir na educação e não falo aqui da universitária, mas sim investir em uma educação empreendedora, desde o nível mais básico, justamente pra pessoa investir na cultura, na cultura empreendedora e acreditar na gente desde cedo. Nas universidades, temos um tripé muito famoso:ensino, pesquisa e extensão. A gente tem procurado trabalhar o impacto em várias disciplinas e ações com a comunidade.”

Considerada uma das 20 mulheres inovadoras do país pela Forbes, Saville Alves, diretora da Solos, empresa do terceiro setor que desenvolve trabalho no campo da reciclagem, também participou do Festival e pontuou que a descentralização da agenda de impacto é fundamental para que as pessoas se mantenham morando no Nordeste e não tenham a necessidade de migrar para o Sudeste em busca de investimento, como ela fez anos atrás. “Seria bem menos complexo eu estar hoje morando em São Paulo. Lá tem muito acesso a recursos e oportunidades. É muito dinheiro, mas eu estou aqui. Se todo mundo que empreender com impacto, tiver com operações escalonando, ganhando outros territórios, tiverem que ir pra São Paulo, ficamos em uma situação complicada. A gente não vai ter acesso a oportunidades, a diálogos com pessoas e negócios que estão aí tomando proporções de capilaridade. É muito importante a gente de alguma forma criar raízes e conseguir fomentar que esse ecossistema continue florescendo, crescendo e ganhando espaço. A gente precisa tomar conta do nosso território.”

Nilza Carla  é mãe solo e tem um filho com deficiência.  A partir da necessidade do seu filho criou a empresa Jô + Absorvente Dérmico. Mas, o fato de estar em Salvador tem sido uma barreira na busca por investimento e expansão para seu negócio. “É muito doloroso pra mim saber que eu tenho propostas para ir pra São Paulo, mas teria que fechar a empresa aqui pra fomentar lá. E o evento veio pra também trazer um pouco dessa luz, dar mais força pra você seguir. Validou o meu desejo de não querer sair daqui de Salvador e que meu projeto continue aqui, crie raízes e possa colaborar com muitas outras pessoas no mundo.”

O Festival foi realizado no Colabore, espaço mantido pelo Sebrae e pela Secis, situado no Parque da Cidade, no bairro do Itaigara. “Em cada ação que a gente traz como essa, contribui de pouquinho em pouquinho mas a gente vai contribuindo pra que esse lugar e que a agenda de Impacto seja cada vez mais forte aqui em Salvador”, comenta Patrícia Castro, gestora da Agência Sebraelab. A programação contou com a construção do Canva de Impacto, metodologia criada exclusivamente para o evento que propõe ampliar a visão de cada participante sobre questões da cidade e propor uma solução coletiva com esforços individuais.

Visando colocar em prática as ações de sustentabilidade, a produção do evento entregou aos participantes kits contendo copos reutilizáveis e crachás feitos com papel semente, que após o uso pode ser plantado na terra e brotar manjericão. No local, uma feira de mulheres empreendedoras também foi montada. Uma das expositoras foi Renata Sales, CEO da Casa Gaia, empresa criada durante a Pandemia da Covid19 e que oferece produtos naturais. “O evento se conecta com as ideias da Casa Gaia. As  marcas que vendemos tem impacto com a sustentabilidade, com a ecologia. Precisa ser artesanal, da natureza, evitar os plásticos descartáveis e também são geridas e administradas por mulheres. São princípios e valores inegociáveis pra gente.”

Fotos: Paulo Matheus

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