De acordo com o mais recente boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa de crescimento da cultura do trigo no Brasil é de 11% em área semeada e 10,4 milhões de toneladas. Em relação a safra anterior, a área plantada com trigo na Bahia aumentou 45% e, no oeste baiano, a área passou de sete mil em 2022 para mais de 10 mil este ano.
Para o gerente de agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Aloísio Júnior, o levantamento que a entidade tem feito desde o início da safra de 2015/2016 – quando passou a ser implementado o trigo nesta região – até o momento atual chega em torno de 42% a 43% de área irrigada.
“O trigo é uma cultura que vem surpreendendo a cada ano e quando digo em surpreender é principalmente pelos nossos levantamentos que a gente fez recentemente. Uma estimativa que temos nesta safra de 22/23 é que as áreas passam de 10 mil hectares. Acreditamos, contudo, que devemos fazer uma nova atualização no final do mês de setembro e essas áreas vão estar superiores a 18 mil hectares”, informa Aloísio Júnior, ao A Tarde.
O monitoramento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revela que o clima mais úmido nesta safra prolongou a fase de enchimento de grãos. As lavouras estão, em sua maioria, em fase de enchimento de grãos. A colheita atingiu 20% da área total semeada e verificou-se ótima qualidade e produtividade dentro do esperado inicialmente.
Apesar disso, o gerente da Aiba informa que o trigo produzido no Brasil não consegue atender o consumo que os brasileiros têm desse alimento. Então, eles precisam importar mais de 85% do cereal. Ele comenta ainda que nesta safra não está atrativo para o produtor comercializar o produto por conta da queda no valor de cotação dos preços do trigo.
“A gente vem observado na própria Conab, no Ministério da Agricultura e Pecuária um mecanismo de tentativa de intervenção para que o preço possa ter um ajuste, já que o preço mínimo da saca de trigo hoje aqui no oeste da Bahia está em torno de R$ 85 a R$ 98”.
Para Aloísio Júnior, mesmo com essa questão de mercado, o produtor costuma usar o trigo após a safra principal porque ajuda no aspecto fitossanitário e manejo do solo.
“O trigo é uma cultura de inverno frio, mas foram desenvolvidas variedades de sementes adaptadas ao oeste baiano por apresentar um clima quente e seco. Assim, ela acaba se desenvolvendo bem nessa região e ajuda ao não aparecimento de algumas doenças como o nematóides (considerado como praga de plantas), que é um dos principais problemas que temos no solo com algumas culturas como a soja, por exemplo”.
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