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DESCUBRA COMO FOI O EVENTO QUE DEU ORIGEM AO DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA

Bruno Alves - 29/08/2023 18:49

Data é celebrada desde 29 de agosto de 1996, quando foi realizada a primeira edição do Seminário Nacional de Lésbicas

Segundo os dados mais recentes do 1º Lesbocenso Nacional, relativos aos anos de 2021 e 2022, mais de 78% das mulheres lésbicas do Brasil relatam que já sofreram algum tipo de assédio ou violência.

Um exemplo atual desses números tomou as manchetes e discussões nas redes sociais na última semana, quando parlamentares do Congresso Nacional e de câmaras estaduais e municipais denunciaram o recebimento sistemático de ameaças de “estupro corretivo” por e-mail.

No Brasil e no mundo, a violência está tão presente na vivência lésbica que, de certa forma, influenciou até a escolha da data que marca o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, 29 de agosto, definida na primeira edição do Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), em 1996. Não porque algum acontecimento negativo tenha ocorrido, mas justamente pelo alívio das participantes em conseguir abrir o seminário sem nenhuma intercorrência.

Na pesquisa “A lesbianidade como resistência: a trajetória dos movimentos de lésbicas no Brasil – 1979-2001”, a autora Núbia Carla Campos levantou relatos sobre o evento. Em um deles, a ativista Marise Fernandes conta que a organização chegou a solicitar à imprensa que não divulgasse o nome do hotel onde o Senale ocorreria por medo de manifestações contrárias, atos de violência ou represálias.

De acordo com Fernandes, havia dúvida entre o 29 de agosto e o 1º de setembro. “Considerando que alguma coisa poderia ter dado errado em termos de ocorrência de violência e, felizmente, fomos respeitadas, tanto pela imprensa, pela população em geral, pelos funcionários do hotel e por todas as pessoas presentes naquela abertura. Na votação, esse segundo argumento saiu vitorioso e, a partir daquele ano, a data passa a ser celebrada em diferentes pontos do Brasil”, contextualiza.

A pesquisadora Núbia Carla Campos também ouviu uma das principais organizadoras do evento, a ativista Neusa das Dores Pereira. Segundo o relato, a data faz referência a “um dia alegre para o movimento de lésbicas no Brasil, um momento histórico de um espaço de lésbicas, não um dia marcado por dor, sofrimento e morte, fatos que permeiam a história do movimento”.

Junto com Elizabeth Calvet, Neusa das Dores liderou a realização do Senale. As duas mulheres negras eram representativas de boa parte das participantes. “O 29 de agosto é uma luta, sobretudo, das mulheres lésbicas negras. Hoje, todas colhem frutos por causa de uma iniciativa de mulheres lésbicas negras. Disso não podemos esquecer”, ressalta a Jornalista Paula Évelyn Silveira Barbosa, diretora-geral e cofundadora do Arquivo Lésbico Brasileiro.

Foto/Reprodução: Getty Images

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