A movimentação financeira real média das pequenas e médias empresas brasileiras registrou expansão de 3,1% no segundo trimestre de 2023 na comparação anual, após 2,5% no primeiro trimestre, de acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs). No acumulado do primeiro semestre do ano, os dados revelam crescimento de 2,8% frente ao mesmo período do ano anterior.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 660 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Nos últimos meses, o mercado de PMEs mostra continuidade da tendência de crescimento, ainda que com importantes diferenças de desempenho entre os grandes setores da economia. Apesar da manutenção das taxas de juros em níveis historicamente elevados, a resiliência observada no mercado de trabalho, a desaceleração da inflação e os efeitos dos estímulos fiscais são elementos importantes do contexto econômico que fornecem suporte ao mercado de PMEs – sobretudo para aquelas empresas em que os negócios são mais dependentes da renda do que do crédito.
Segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o IODE-PMEs confirma um movimento mais amplo que tem sido observado na atividade econômica doméstica como um todo neste ano: manutenção do crescimento em meio a projeções prévias bem mais pessimistas.
“Neste sentido, as perspectivas de mercado para o PIB brasileiro em 2023 têm subido sistematicamente no último mês, com a mediana de mercado (monitorada pelo Boletim Focus do BCB) apontando atualmente para uma expansão de 2,2% ante 2022”, afirma.
O IODE-PMEs mostra que o crescimento das PMEs no segundo trimestre de 2023 foi condicionado pelo avanço da movimentação financeira real na Indústria (+4,0% ante o segundo trimestre de 2022) e em Serviços (+1,3%).
As PMEs do setor industrial mostraram recuperação nos últimos meses, após retrações observadas entre o final de 2022 e o início deste ano. O resultado foi puxado por alguns segmentos da indústria de transformação, tais como ‘Fabricação de móveis’, ‘Fabricação de autopeças e implementos rodoviários’ e ‘Impressão e reprodução de gravações’. Além disso, apesar da menor contribuição de atividades relacionadas à indústria extrativa, observou-se no período bom desempenho da ‘Extração de minerais não metálicos’.
O setor de Serviços, por sua vez, também manteve ritmo de expansão nos últimos meses, após avançar também no primeiro trimestre (1,4% YoY). Neste sentido, destacam-se segmentos como ‘Atividades de serviços pessoais’, ‘Alojamento’ e ‘Alimentação’. Adicionalmente, também se observa bom desempenho no último trimestre dos segmentos ‘Atividades profissionais, científicas e técnicas’ (que englobam, por exemplo, ‘Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’), ‘Transporte, armazenagem e correio’ e ‘Atividades administrativas e serviços complementares’.
Em contrapartida ao crescimento das PMEs da Indústria e de Serviços, o IODE-PMEs mostra que, no segundo trimestre, houve recuo da movimentação financeira real média das PMEs do Comércio (-3,0% ante o segundo trimestre de 2022) e de Infraestrutura (-5,7%).
No Comércio a queda foi disseminada entre os grandes segmentos, com retração no atacado (-2,1% YoY) e no segmento varejista (-6,0%). No varejo, o fraco resultado dos últimos meses foi puxado pela retração das PMEs de segmentos como ‘Livrarias’, ‘Madeira e artefatos’ e ‘Calçados’. Por outro lado, a evolução positiva do comércio varejista de ‘produtos alimentícios em geral’ restringiu queda ainda mais abrupta do setor nos últimos meses.
Já no setor de Infraestrutura, a retração observada no trimestre foi condicionada, sobretudo, pelo enfraquecimento dos segmentos de ‘Obras de Infraestrutura’ e ‘Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação’. Contudo, no segmento de Construção, ainda observa-se crescimento das atividades das PMEs de ‘Serviços especializados para construção’ – o que restringiu a queda do setor como um todo no período.
O IODE-PMEs também permite a avaliação do mercado de PMEs de modo regionalizado. Neste sentido, os dados mostram que o crescimento no mercado de PMEs no segundo trimestre de 2023 foi sustentado, especialmente, pelo avanço dos negócios nas regiões Sudeste (+6,7% ante o segundo trimestre de 2022) e Sul (+8,1%). Também se verificou crescimento, ainda que em menor medida, das PMEs do Centro-Oeste e do Norte (+2,0% em média). Por outro lado, houve modesta retração da movimentação financeira real média das PMEs na região Nordeste (-0,4%).
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