O fim está próximo. E isto não é um aviso escrito em placas de fanáticos religiosos que tanto servem para o escracho de humoristas. Trata-se, isso sim, da conclusão de quem percebe os sinais cada vez mais claros enviados pelo planeta. Nossa casa está desmoronando (melhor dizer: pegando fogo) e em breve não haverá tempo ou dinheiro capaz de salvar todos que a habitam.
O mês passado foi o mais quente já registrado, de acordo com informação do Copernicus Climate Change Service, instituição apoiada pela União Europeia (UE). Mas esse recorde deve ser batido nas próximas semanas. Isso porque a segunda, 3 de julho, foi o dia mais quente da história até a terça, dia 4, que lhe roubou o título. O verão no hemisfério norte está apenas em seus primeiros dias e ondas de calor já mataram 112 pessoas no México, 98 na Índia e 2 na Espanha. No verão passado o país ibérico registrou 500 mortes atribuídas às altas temperaturas.
As consequências do aquecimento global nos polos norte e sul também foram notícias nessa semana. Na Groelândia, a temperatura da região esteve em torno de 10º acima da esperada para esta época do ano. Toda a cobertura de neve da ilha Nares Land derreteu em apenas quatro dias. No sul, onde o inverno está no início, a extensão do gelo marinho formado na Antártida foi o menor para o dia 27 de junho desde o início da medição, em 1979: 11,7 milhões de quilômetros quadrados, 1,2 milhão abaixo da menor extensão para o dia, registrada em 2022. O derretimento da Antártida traz uma consequência grave para o Brasil, que é a diminuição de frente frias, desregulando o clima e interferindo na produção de alimentos e no regime hídrico do país.
A situação exige ações contundentes e imediatas. O mundo não vai acabar amanhã, mas a vida aqui vai ficar cada dia mais difícil diante de fenômenos climáticos extremos – o aquecimento global provoca mais calor, mais frio, mais chuvas, mais ciclones etc., até a vida de fato desaparecer. Mas toda mudança envolve perdas. E há quem ganhe muito mantendo o mundo no caminho do precipício.
Como nem todos ainda foram capazes de ler os sinais mesmo sofrendo na pele, no bolso e na barriga, uma solução extrema já está sendo estudada por grupos de cientistas nos EUA e na Europa: o uso de equipamentos para tapar o sol e impedir o aumento de temperaturas em determinados locais da Terra, como explicou, na quarta (5), em um documento enviado ao Congresso americano, o Escritório de Política Científica e Tecnológica da Casa Branca (OSTP).
Entre as formas de “geoengenharia solar” descritas estão, segundo descreve a CNN, a inserção de objetos (tanto no solo quando em elevadas altitudes) que possuam alta capacidade de refletir a radiação do sol. Outra sugestão é o clareamento de nuvens, fazendo com que elas passem a “rebater”, no lugar de absorver os raios solares. Outras ações detalhadas no estudo são a injeção de aerossol estratosférico e métodos baseados no espaço.
Dias antes, a União Europeia também tratou do assunto. Foi levantada a possibilidade de intervenções de grande escala para desviar os raios solares. Porém, o documento, diz a mesma reportagem, alerta: “essas tecnologias introduzem novos riscos para pessoas e ecossistemas, ao mesmo tempo em que podem aumentar os desequilíbrios de poder entre as nações, desencadear conflitos e levantar uma miríade de questões éticas, legais, de governança e políticas”.
Foto: Climate Reanalyzer