A decisão do Conselho Monetário Nacional de substituir o ano calendário pelo modelo de meta contínua no Regime de Metas para a Inflação foi correta, afirma Matheus Pizzani, economista da CM Capital. Para ele, o esforço necessário para cumprir as metas propostas dentro de apenas 12 meses não levava em conta a defasagem do efeito da política monetária sobre o conjunto da economia, em torno de 18 meses, e o fato de a inflação brasileira sofrer choques que não são necessariamente contidos pelo efeito dos juros. Esses fatores anulam o eventual esforço feito pela autoridade monetária e forçam os juros locais a se manterem elevados por períodos prolongados, com efeitos negativos sobre o nível de crescimento, que já é extremamente baixo, pelo menos nos últimos dez anos. Para o economista, a maior janela temporal do sistema de meta continua pode ajudar a suavizar variações muito bruscas em níveis de crescimento e, consequentemente, comprometendo menos o nível de emprego e renda do país. Pizzani considerou positiva também a manutenção da meta de inflação em 3% mesmo dentro desse novo sistema, sinalizando que o compromisso com o controle de preços seguirá o mesmo.