O megaleilão de linhas de transmissão de energia realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está previsto para ocorrer em São Paulo, com investimentos estimados em R$ 15,7 bilhões. A Aneel considera esse leilão como um dos maiores da sua história devido ao volume de recursos envolvidos. Espera-se a participação das grandes empresas do setor, embora os especialistas acreditem que os deságios de até 50% observados em leilões anteriores não serão repetidos dessa vez, devido ao alto volume de investimentos necessários.
Serão licitadas as concessões para a construção e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão, abrangendo sete estados brasileiros: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Essas linhas de transmissão visam atender à demanda de exportação de energias renováveis, como eólica e solar, dos estados do Nordeste para o Sudeste, com a contratação de grandes volumes.
O leilão será realizado com base no critério de deságio, no qual vencerá aquele que oferecer a menor proposta de receita anual permitida em relação a um valor de referência. Espera-se que todos os lotes sejam arrematados, embora a probabilidade de uma empresa levar dois lotes seja reduzida, já que alguns lotes são grandes e requerem investimentos elevados.
Alguns especialistas destacam que empresas especializadas em redes do setor de telecomunicações, além de construtoras locais de cada estado, podem participar do leilão, possivelmente formando consórcios. Grandes empresas do setor energético, como Eletrobras, Cemig, Taesa, Cteep, Engie e EDP, são consideradas participantes certas.
No entanto, existem desafios para o sucesso do leilão. A estrutura de capital necessária para as empresas está mais cara devido ao aumento das taxas de juros. Além disso, há desconfiança em relação à emissão de debêntures após os casos de empresas como Americanas e Light que entraram em recuperação judicial. Outro desafio está relacionado à capacidade dos fornecedores de estruturas metálicas e cabos, bem como das próprias empresas de construção, para atender à demanda dos projetos devido à magnitude dos empreendimentos e ao alto volume de matéria-prima necessário.
Os especialistas preveem deságios em torno de 40% ou até menos, devido aos riscos e desafios mencionados anteriormente. No entanto, acredita-se que todos os lotes serão arrematados. Além disso, há a expectativa de outros três leilões de transmissão no futuro, proporcionando oportunidades adicionais para as empresas agregarem novos ativos ao seu portfólio. Devido a questões ambientais em áreas sensíveis, não se espera que ocorram grandes deságios.
Foto: Rodney Costa/Zimel Press/Agência O GLOBO
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