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ARMANDO AVENA – A BAHIA PRECISA NACIONALIZAR O SÃO JOÃO

Redação - 22/06/2023 19:57 - Atualizado 26/06/2023

Estamos na semana do  São João e é bom lembrar a importância da festa para a economia baiana. Isso porque, do mesmo modo que o carnaval, o São João faz girar uma cadeia de negócios que movimenta a economia,  o mercado de emprego e de serviços, o mercado imobiliário e tantos outros. É o que eu chamo de economia do forró, que engloba a movimentação física e financeira da festa, envolvendo o turismo, os recursos alocados pelos governos estaduais e municipais, a montagem e instalação de verdadeiros parques de consumo e diversão, a atividade hoteleira; a arrecadação de impostos e dezenas de outras atividades propiciadas pela festa. Um exemplo desse impacto é a ocupação hoteleira nas principais cidades que atinge 100%, mas não dá conta da demanda e então surge outra fonte expressiva de negócios: o aluguel da própria casa e o ganho extra que se junta à produção de alimentos e fogos e ao oferecimento de serviços.

Mas, apesar desse potencial, a Bahia ainda não nacionalizou o São João, que é um dos principais produtos de sua economia. Não é uma tarefa fácil e, apesar dos esforços do governo do estado, das prefeituras e do trade turístico, a festa de São João continua sendo, fundamentalmente, uma festa de baianos para baianos e o número de turistas de outros estados é pequeno. Salvador é o principal emissor de turistas no São João da Bahia, estimando-se que quase 400 mil pessoas saem da capital em direção ao interior. Aliás, basta ver que na BR 324 o fluxo médio  é acrescido de milhares de automóveis e, na rodoviária,  a média mensal do fluxo de passageiros quase duplica em junho.

 A Bahia precisa nacionalizar o São João porque não faz sentido que uma festa dessa magnitude tenha um movimento financeiro inferior a R$ 500 milhões, segundo as estimativas. O São João da Bahia pode  ter uma receita três vezes maior que essa se houver um trabalho adequado tanto no âmbito da montagem das festas no interior e na capital quanto no que se refere a divulgação publicitária em outros estados.

É verdade, que a Secretaria do Turismo aumentou os eventos promocionais, que governo e prefeitura  estão investindo no São João de Salvador, mas tudo ainda tem caráter pequeno, local, quando a festa exige uma mobilização muito maior e uma campanha publicitária nacional para sua divulgação.  Se isso for feito, cidades como Salvador, Amargosa, Lençóis, Cruz das Almas,  Cachoeira, Senhor do Bonfim e muitas outras se tornarão polos receptivos de alcance nacional com um impacto muito maior na economia do estado.

 O fato é que o São João é um produto inigualável, não só sob o ponto de vista cultural, mas também econômico, com enorme potencial de geração de emprego e renda e grande movimentação financeira.  O São João  representa uma importante e promissora atividade econômica, capaz de gerar riqueza para os municípios localizados nos mais recônditos locais do sertão e, assim como a economia do Axé gera riqueza e emprego para Salvador, a economia do forró pode dinamizar economicamente o interior da Bahia.

                                PIB DO AGRONEGÓCIO

 A queda nos preços das commodities atingiu em cheio o agronegócio baiano. No 1º trimestre de 2023, o PIB do agronegócio caiu 12,7% em relação ao ano passado. Com isso, passou a representar apenas 19,6% do PIB estadual, desempenho bem inferior ao 1º trimestre de 2022, quando era equivalente a quase 25% do PIB total.  Foi o pior desempenho dos últimos anos.  A retração se deu por causa da queda significativa nos preços dos produtos agropecuários nos mercados internacionais.  E agora em maio  os preços da soja caíram em média 13%. Mas nem tudo está perdido, a maior parte da produção agropecuária baiana se desenvolve no segundo trimestre.

                          FEBRE DAS MULTIPROPRIEDADE

 O modelo de negócio da multipropriedade, ou compra compartilhada de imóveis, avançou na Bahia e já existem ofertas em Itaparica e em Praia do Forte. Nessa compra, o proprietário passa a ser dono de uma cota do imóvel, registrada em cartório,  e pode usá-la proporcionalmente ao seu desembolso. O sistema tem algumas vantagens, mas é uma alternativa de férias, uma espécie de turismo compartilhado.  Não é um investimento, não tem perspectivas de rendimentos, valorização ou venda. Como turismo compartilhado, o grupo Pestana tentou implementar algo semelhante na Bahia e não deu certo, pois sua utilização exigia enorme disciplina e planejamento. Avalie e fuja da compra por impulso.

Publicado no jornal A Tarde em 22/06/2023

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