O governo diz que a economia não pode crescer por causa dos juros e a oposição diz que está tudo parado. Ambos estão errados, apesar dos juros, a economia brasileira está crescendo e já se pode projetar um incremento de 2% em 2023.
O fato é que, apesar da taxa de juros pontuar em 13,75% ao ano, inibindo o consumo e o investimento, o IBC-BR, que é uma prévia do PIB, calculado pelo Banco Central, indicou um crescimento de 3,3% da economia em fevereiro, a maior expansão desde 2020. Não se tem ainda a prévia do PIB para março, mas sabe-se que a criação de empregos com carteira assinada atingiu 195 mil novos postos, quase 100% mais que no mesmo mês do ano passado, o que parece indicar que a economia não está parada. Pelo contrário, se contabilizarmos o trimestre encerrado em fevereiro, o IBC-Br subiu 2,1% em relação ao mesmo trimestre de 2022.
O número surpreendeu e os bancos, que previam um crescimento do PIB de apenas 0,8% em 2023, começaram a mudar suas previsões e já dizem que o país pode crescer 1,2%, 1,5% e até 1,8% a depender do banco. O Brasil está crescendo porque sua economia é resiliente, aprendeu a viver com juros altos e alguns setores estão sustentando o crescimento. Para começar, o setor agropecuário está crescendo muito mais do que se esperava e seu carro chefe, a safra de soja, vai ter incremento de 20% este ano. O PIB da agropecuária em 2023 vai crescer mais de 10%, segundo alguns bancos.
Esse desempenho impulsionou o comércio exterior e no 1º trimestre deste ano, as exportações cresceram 3,4% e o superávit da balança comercial elevou-se em quase 30%. E tem mais. O setor de serviços registrou uma expansão de 5,4% em fevereiro, em comparação com o mesmo mês de 2022. E isso representa a 24ª taxa positiva consecutiva. No primeiro bimestre do ano, o crescimento do setor de serviços foi superior a 5%. E até o varejo, talvez o segmento mais afetado pela taxa de juros, registrou, no 1º bimestre do ano, crescimento de 1,8% no ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Só a indústria parece estagnada.
Por que isso vem acontecendo? As razões ainda não estão bem claras, mas, ao que parece, após dois anos de pandemia, o setor de serviços, que representa 70% do PIB, continua ampliando suas atividades e o agronegócio, que sequer sofreu com a pandemia, segue disparando. A construção civil, por outro lado, perdeu força, pois os juros nos financiamentos e o custo dos imóveis se elevaram, mas, apesar disso, uma demanda localizada mantém o setor aquecido.
Isso por causa do mercado de luxo, mas também porque o mercado de trabalho segue se ampliando. Se há trabalho, a renda e o consumo das famílias se sustenta. E não vamos esquecer o aumento do consumo via pagamento do Bolsa Família e outros benefícios. Ainda é cedo para cravar um crescimento superior a 2% em 2023, mas até aqui, mesmo com juros altos, a economia está mais ou menos aquecida.
A PETROBRAS PRECISA SE POSICIONAR
Não se sabe ainda que caminho a Petrobras vai tomar com relação à venda de alguns ativos. Não estamos falando de privatização da Petrobras ou coisa que o valha, mas de ativos que, na maioria dos casos, são antieconômicos para a estatal e estavam em negociação. Trata-se de uma lista de negócios que envolve bilhões de reais, alguns com contratos assinados, outros em vias de conclusão. Na Bahia, investimentos de porte, como a venda de campos maduros do Polo Bahia Terra, em negociação com o consórcio PetroReconcavo/Eneva; a venda da participação acionária da Petrobras na Metanor, em Camaçari; e a venda de campos em águas rasas e profundas estão à espera da decisão da estatal.
A BAHIA NA CNI
O presidente da Fieb – Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Alban, foi eleito ontem presidente da poderosa CNI – Confederação Nacional da Indústria. Ricardo Alban fez uma gestão profícua na Fieb e é reconhecido por todos e pelas lideranças empresariais pelo trabalho que fez em prol da indústria baiana. Na sua gestão, foi inaugurado o Cimatec Park em Camaçari e hoje o Senai -Cimatec é um dos mais importantes complexos de tecnologia e inovação do país. Quando assumir a CNI em outubro, a indústria baiana estará representada nacionalmente e isso abrirá portas para a ampliação dos investimentos e para a defesa dos interesses do Estado.
Publicado no jornal A Tarde em 04/04/2023