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SELIC EM ALTA: VEJA ALGUMAS DICAS DE INVESTIMENTOS

João Paulo - 04/05/2023 07:00 - Atualizado 04/05/2023

A manutenção da taxa de juros em 13.75% feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, economistas e estrategistas de investimentos aconselham aproveitar as altas taxas dos títulos atrelados à inflação e prefixados antes que elas caiam mais.

Com a expectativa de que a taxa Selic demore alguns meses para recuar, a renda fixa ainda é a indicação principal.

O Copom aumentou os juros a partir de abril de 2021, de 2% para 13,75% ao ano, para desaquecer a economia e com isso combater a alta generalizada dos preços. Contudo, o alívio na inflação e a desvalorização do dólar nas últimas semanas levaram o mercado a antecipar a previsão de começo do ciclo de cortes da taxa Selic para agosto ou setembro. No Boletim Focus mais recente, anterior ao encontro do Copom, a projeção do mercado para a inflação em 2023 aumentou pela quinta semana consecutiva, para 6,05%. A estimativa ficou acima da meta de inflação perseguida pelo Banco Central neste ano, de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Para 2024, a expectativa continuou em 4,18%, mais perto da meta de inflação no ano que vem, de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Já as previsões para os juros se estabilizaram em 12,50% no fim de 2023 e em 10% no final de 2024.

Aproveite os juros

A projeção de queda da taxa Selic foi embutida nos preços dos ativos e os juros oferecidos nos títulos atrelados à inflação e prefixados já diminuíram um pouco. Entretanto, os economistas e estrategistas de investimentos afirmam que eles não são nada desprezíveis e recomendam desfrutar das belas taxas da renda fixa antes que elas recuem mais. Boa parte deles sugere aguardar para aumentar a fatia de renda variável.

“Estamos em um momento de digerir o que será antes de tomar risco, considerando as dúvidas em relação ao arcabouço fiscal. Ainda aconselhamos um direcionamento maior para a renda fixa, com taxas bem atrativas”, afirma Arley Junior, estrategista de Investimentos do Santander. “As ações estão descontadas, mas é difícil estimar o momento da virada. Mesmo àqueles com perfil de risco, ainda indicamos alocar menos em bolsa com foco no longo prazo e aumentar devagar quando houver mais clareza sobre o cenário”, diz.

Os títulos atrelados à inflação são consenso entre os economistas e estrategistas de investimentos como uma boa forma de investir no médio e longo prazo e se proteger da alta generalizada dos preços. Eles rendem uma taxa prefixada mais o IPCA, indicador de inflação oficial do país.No Tesouro Direto, dá para achar esses ativos pagando até 6% ao ano mais IPCA, com datas de vencimento entre 2029 e 2045.

“Aumentamos a parcela dos títulos atrelados à inflação nas carteiras recomendadas, para 12% para os conservadores e 24% para os arrojados. Há oportunidades nas datas de vencimento intermediárias, em 2035. Preferimos não alongar muito o período porque há muitas dúvidas no radar e a oscilação dos preços deles pode ser muito elevada”, afirma Junior.

Luis Barone, sócio e gestor da Galapagos Capital, acha que a inflação e os juros podem cair mais do que o esperado. “Estamos enxergando a inflação desacelerando bastante e as commodities e o dólar caindo. Não vejo muito motivo para os juros não diminuírem e não ficaria surpreso se a Selic recuasse em junho. Acho que o Banco Central está muito pessimista”, afirma.

Nesse ambiente, ele aconselha vender os títulos atrelados à inflação com data de vencimento mais curta e comprar os mesmos papéis com prazo mais longo, acima de 2027. É bom lembrar que os títulos atrelados à inflação e prefixados podem causar perdas em caso de dinheiro resgatado antes da data de vencimento. É por esse motivo que Barone contraindica a compra de títulos prefixados por pessoas físicas. Ele acha que a volatilidade nos preços desses papéis pode ser maior e que o risco deles gerarem prejuízo se sacados antes do fim do prazo é muito grande.

No entanto, muitos profissionais recomendam comprar títulos prefixados neste momento, para aqueles que topam mantê-los até a data de vencimento. No Tesouro Direto, é possível encontrar papéis prefixados oferecendo 12% ao ano, com datas de vencimento entre 2026 e 2029.

Títulos prefixados bombando

Bruno Di Giacomo, chefe de investimentos da Nero Capital, sugere que investidores com perfil de moderado a arrojado comprem Certificado de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito do Agronegócio e Imobiliário (LCAs e LCIs) prefixados, com data de vencimento curta, ao redor de 2026. Alguns oferecem taxas na casa dos 14% ao ano.

O risco de calote desses títulos emitidos por bancos é maior, mas até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) devolve o dinheiro em caso de problema. Di Giacomo afirma que ainda hão há sinais suficientes para que a indicação de alocação majoritária em renda fixa mude. “Ainda não é hora de aplicar mais em renda variável. Há muito prêmio para capturar na renda fixa, um prato cheio para os investidores conservadores”, diz.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor da FGV, avalia que títulos prefixados do Tesouro Direto com data de vencimento em 2026, que oferecem 12% ao ano, são um excelente investimento, até melhores que os papéis atrelados à inflação. “Vejo o cenário de curto prazo tranquilo, com o dólar estável e o mundo desinflacionando. Acho que o risco de comprar títulos prefixados de datas de vencimento curtas é baixo”, afirma. Nesse caso, o risco ao qual ele se refere é a taxa Selic ser maior do que a taxa prefixada no período do investimento e o investidor a deixar de ganhar estando preso nesses papéis.

Gala acha que os CDBs prefixados só valem a pena quando oferecem taxas ao redor de 14% ao ano, com data de vencimento em 2026. Ele avalia que taxas abaixo disso não compensam o risco de calote do banco. O economista-chefe do Banco Master ainda destaca que aqueles que não desejam correr o risco de perdas resgatando antes da data de vencimento podem comprar títulos atrelados à Selic. Até esse investimento “feijão com arroz” oferece rendimentos bons atualmente, pensando no curto prazo ou em quem não sabe quando vai sacar. Em relação às ações, Gala aconselha começar a aumentar as compras devagar. “É hora de começar a comprar, mas não de montar a posição toda. Depois que o ciclo de corte de juros estiver claro para o mercado, os preços já estarão bem mais caros”, indica.

Fonte: Valor Investe

Foto: divulgação

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