O Banco Central manteve a Taxa Selic em 13,75%, conforme esperado não só pelo mercado, mas também por integrantes da equipe econômica do governo.
A decisão ocorre em meio a repetidas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo ao efeito dos juros sobre a atividade econômica. Por outro lado, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, ao lado dos oito diretores, entende que a batalha contra a inflação ainda não está vencida.
Em artigo enviado ao portal Bahia Econômica, Vinicius Romano, head de renda fixa na Suno Research, empresa de investimentos, acredita que a manutenção da taxa em patamares elevados ocorre devido a fatores como o ambiente externo, e indicadores internos. Por exemplo a crise bancaria internacional e os números da inflação no Brasil e no mundo.
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Em sua reunião de maio/2023, como amplamente esperado pelo mercado, o Banco Central do Brasil manteve a taxa Selic estável em 13,75% ao ano.
No comunicado, o BC comenta sobre a adversidade do ambiente externo, citando os episódios envolvendo bancos regionais no exterior que elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados, apesar de caracterizá-los como um “contágio limitado” até o momento. Em paralelo, ressalta que dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista – o Fed, por exemplo, aumentou sua taxa básica em 0,25 p.p. novamente.
Em relação ao cenário doméstico, o Copom menciona que o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado. Sobre o balanço de riscos, a autoridade monetária mantém os fatores de riscos de ambas as direções, porém adiciona que ainda há um nível de incerteza presente em relação ao arcabouço fiscal e seus impactos nas trajetórias de dívida pública e inflação.
A reoneração dos combustíveis e a proposta do arcabouço fiscal ajudaram a reduzir parte da incerteza, mas menciona que a conjuntura demanda bastante atenção na condução da política monetária. O Copom enfatiza que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal,” e que “a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo CMN.”
Por fim, o Comitê reforça que seguirá avaliando seus cenários com paciência e cita que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado, apesar de ser um cenário menos provável.
No âmbito de alocação entre os ativos de renda fixa brasileiros (pós, pré e IPCA+), entendemos que o patamar atual da Selic Meta proporciona uma boa relação risco x retorno para os títulos pós-fixados (Tesouro Selic, por exemplo), já que estes praticamente não sofrem com marcação a mercado e são positivamente impactados pelo alto nível da taxa básica de juros. No caso dos títulos indexados à inflação (IPCA+), entendemos que mesmo com os recentes fechamentos nas taxas, papéis com vencimentos intermediários e longos trazem um carrego interessante em um horizonte de médio/longo prazo, já que eles oferecem um juro real próximo de 6% a.a. sem risco de crédito (tratando-se de Tesouro Direto). Para os prefixados, nosso entendimento é de que existem boas opções com duration um pouco mais curta (aprox. 3 anos), mas a classe ainda enfrenta desafios com a piora nas expectativas de inflação de longo prazo, incertezas sobre o fiscal e com a sinalização do BC de que os cortes nos juros não estão tão próximos até que ele assegure o cumprimento de seus objetivos.
Foto: Redes Sociais