Defende uma questão técnica, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira (25) que a instituição age de forma técnica na fixação da taxa básica de juros para combater a inflação.
Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal, Campos Neto apontou que a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano – o maior nível em seis anos –, avançou no ano passado mesmo durante o período eleitoral.
“Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de alta dos juros em um período eleitoral. O que mostra que o BC entendeu que a inflação ia subir, antes de grande parte dos outros países. O BC do país foi um dos primeiros a subir os juros”, declarou Campos Neto. O BC autônomo será comandado até 2024 por Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A elevação da taxa de juros foi interrompida em setembro do ano passado.
Segundo ele, se o Banco Central tivesse parado de subir os juros no ano passado, durante as eleições, a inflação teria sido de 10% em 2022, e não 5,8%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “E hoje, para controlar a inflação e a expectativa do ano que vem, teríamos que ter juros de 18,75% [ao ano]. Se não tivéssemos, a inflação ia contaminar e subir bastante. O BC atuou de forma autônoma”, acrescentou o presidente do BC.
O patamar dos juros brasileiros tem sido criticado reiteradamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do governo, por desacelerar a economia e influenciar negativamente a geração de empregos. Campos Neto voltou a citar o alto volume do chamado crédito direcionado, a maior parte com juros subsidiados, para explicar porque os juros são altos no Brasil. E exemplificou, novamente, citando a teoria da “meia-entrada no cinema”.
Foto: Pedro França/Agência Senado
Fonte: G1