Entre o empresariado, duas posições têm se destacado nesse período pós-eleitorado. A primeira delas é uma espécie de não aceitação do resultado das eleições, consubstanciada em uma postura cuja crítica a toda e qualquer medida adotada pelo governo Lula é a métrica.
Nesse grupo, nota-se claramente que o posicionamento político passou a ser mais importante que o próprio negócio do empreendedor.
Um exemplo é a taxa de juros. A taxa de juros alta é extremamente prejudicial ao empresariado, tanto no sentido do investimento, quanto no referente à economia e aos empréstimos de capital de giro que são fundamentais em muitas empresas, por isso, tradicionalmente o empresariado se coloca contra taxas de juros muito altas. No entanto, o que se vê neste momento entre alguns empresários é a defesa dos juros altos e até do aumento das taxas, num claro posicionamento político que vai contra seus próprios interesses.
É um comportamento irracional que muito se aproxima dos grupos de esquerda que optam pela política do “quanto pior, melhor”. Quem defende esse posicionamento, está esperando que algo extraordinário aconteça e possa derrubar o governo eleito, mas, se isso não acontecer, ficará quatro anos reclamando contra toda e qualquer medida adotada pelo governo?
A outra posição é mais razoável e se insere na ideia de buscar, sob o ponto de vista econômico, influir nas medidas que estão sendo adotadas através da mobilização das associações de classe, do Congresso Nacional, da imprensa e mesmo de manifestações públicas visando modificar, por exemplo, o arcabouço fiscal ou a reforma tributária. Esse é um movimento ativo que objetiva pressionar o governo, nos próximos quatro anos, a adotar medidas mais de acordo com seu pensamento e, por isso, especialmente se conseguir ser ouvido, não poderá estar sempre contra qualquer medida que for adotada.
Note-se que isso não impede que, politicamente, este ou aquele setor, este ou aquele empresário, esteja envolvido na montagem de outra alternativa política em 2026 quando haverá novas eleições presidenciais. É assim que está acontecendo nos Estado Unidos, é assim que está ocorrendo nos países democráticos. O que não faz sentido é jogar com a ideia de uma nova crise política, que faria a economia entrar novamente no caos e representaria o insucesso do próprio negócio empresarial.
As duas posições ainda se contrapõem no universo empresarial do país, mas é hora de se transformar em uma posição apenas, torcendo pelo Brasil, lutando para que suas ideias sejam adotadas pelo atual governo, mesmo que politicamente deseje e trabalhe por um novo governo no futuro. (EP – 24/04/2023)