A Netflix divulgou em suas redes a segunda temporada da série Rainhas Africanas. Desta vez, a personagem histórica a ser retratada é Cleópatra, rainha do Egito que viveu entre os anos 69 a 30 antes de Cristo.
O docudrama contém quatro capítulos e tem data de estreia marcada para o dia 10 de maio. A atriz Jada Pinkett Smith (franquia Matrix) participa da produção executiva. No elenco, a rainha é interpretada por Adele James (Casualty).
A escalação de uma atriz negra, porém, para o papel da rainha egípcia vem causando polêmica nas redes sociais e no Egito, o que levantou discussões sobre a verdadeira etnia da regente egípcia. Vale lembrar que o seriado é acompanhado de historiadores que complementam a produção com dados históricos sobre as rainhas. Confira o trailer a seguir;
A série consiste em dar visibilidade a aspectos de Cleópatra pouco explorados nas universidades ocidentais. São abordados a vida da rainha do Reino Ptolomaico do Egito, dinastia greco-macedônica iniciada em 323 a.C até 30 a.C (ano da morte da rainha) construída a partir de Alexandre O Grande.
Suas habilidades intelectuais e disposição para enfrentar batalhas são mostrados no docudrama, e também seu relacionamento amoroso com os imperadores romanos Júlio César e Marco Antônio. Além das reconstituições dramáticas, as cenas são acompanhadas por entrevistas de historiadores especializados que dão suporte teórico aos fatos narrados na série.
O trailer da série causou polêmica no Egito, onde foram contestadas a etnia de Cleópatra como sendo negra. Historicamente, a rainha pertencia a uma família grega, cujo pai era o general grego Ptolemeu XII Auleta, que governou o Egito durante os anos 80 a 58 antes de Cristo. A origem da mãe de Cleópatra é dada como incerta, sendo especulado entre os historiadores que seja a egípcia Cleópatra V Tryphaena. Por conta da genealogia desconhecida, não se sabe se Cleópatra era definitivamente grega (portanto, branca) ou mestiça.
No Egito, o advogado Mahmoud al-Semary entrou com um processo contra Netflix no Ministério Público do país africano, alegando que “muito do que a plataforma Netflix exibe (no trailer) não está em conformidade com os valores e princípios da sociedade islâmica, especialmente os valores egípcios”. Juntou-se ao protesto o ex-Ministro de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass, considerado uma das maiores autoridades em arqueologia egípcia do mundo, que afirmou que a Netflix estaria “falsificando fatos” ao retratar a regente como negra.
Para interpretar a personagem, foi escalada Adele James, uma atriz birracial de cabelo crespo. De acordo com a pesquisadora Sally Ann Ashton, uma das entrevistadas para a série, “já que Cleópatra se identificava como egípcia, parece estranho em insistir na retratação dela como inteiramente europeia.” Ashton ainda lembra que a rainha governava o Egito antes da chegada dos assentamentos árabes no norte da África, o que favoreceu ainda mais a multiculturalidade existente no antigo reino africano.