As vagas na área de tecnologia devem passar por uma atualização. O g1 conversou com profissionais da área e recrutadores para saber quais as perspectivas para os próximos meses.
Eles destacaram as seguintes:
Segundo a plataforma Layoffs Brasil, apenas nos primeiros três meses deste ano mais de 30 empresas da área de tecnologia realizaram cortes. A situação é semelhante em outros lugares do mundo, principalmente nos Estados Unidos, berço das “big techs” – o grupo que abrange Amazon, Apple, Google, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) e Microsoft. Essas companhias já demitiram cerca de 70 mil funcionários desde novembro passado, incluindo profissionais no Brasil. A única exceção entre as big techs é a Apple.
Os desligamentos estão relacionados a uma mudança estrutural, explica Lina Nakata, professora da FIA Business School e pesquisadora FEEx. Ela afirma que, até pouco tempo, havia uma baixa oferta de profissionais de tecnologia, enquanto a demanda pela mão-de-obra nas empresas não parava de crescer. Isso levou as companhias a contratarem funcionários por um salário muito maior do que o comumente praticado no mercado, com o objetivo de atrair e reter talentos.
“Nos últimos anos, vimos profissionais plenos (jargão para intermediários) ganhando salários de sêniores. Sêniores ganhando salários de líderes”, pontua Viviane Sampaio, gerente de recrutamento para TI na consultoria Robert Half. Agora, a realidade começa a mudar. Vinicius Mesel, de 23 anos, trabalha como programador há mais de seis anos e diz que os cortes nas companhias têm impactado diretamente os salários no setor.
Com todos os desligamentos, cresceu a oferta de mão-de-obra qualificada no mercado e, por isso, as empresas já não têm mais a necessidade de oferecer salários tão altos. Viviane, da Robert Half, compartilha da visão de que os valores ofertados para profissionais da TI devem passar por uma estabilização. A média salarial de profissionais de tecnologia vem passando por uma desaceleração, indica o levantamento de Guia Salarial da Robert Half.
O salário inicial de um desenvolvedor back-end de nível sênior (caso do Rhamses), em média, era de R$ 8.600 em 2021 Ele passou para R$ 10.750 em 2022 — um aumento de R$ 2.150 de um ano para o outro. Agora, em 2023, a média salarial começa em R$ 12.250 — um crescimento de R$ 1.500 sobre o ano anterior. Ou seja, de 2022 para 2023 o salto foi 30% menor do que entre 2021 e 2022. A mesma situação foi observada nos salários de outros cargos, como analista de sistemas, agile coach, analista de DevOps, analista de big data, gerente de BI, desenvolvedor mobile, desenvolvedor full-stack e desenvolvedor front-end, por exemplo.
Algumas áreas dentro de tecnologia, porém, ainda seguram as altas mais gordas, tendo em vista que se tratam de segmentos que estão com a demanda aquecida dentro das empresas. É o caso de segurança da informação. “Apesar de que a demanda por tecnologia sempre será alta (o que deve continuar gerando vagas), os salários vão se adaptar à nova realidade do mundo e devem diminuir”, destaca o executivo de uma empresa focada em tecnologia para transporte de passageiros que não quis se identificar. Ele conta que, após uma recente demissão em massa, sua empresa passou a investir apenas o necessário em tecnologia. Antes da crise, ele conta que “tudo estava sendo automatizado”, mas agora esse investimento só é feito nas áreas que vão gerar um bom retorno para a companhia, o que reduz a necessidade de tantos profissionais do setor.
Fonte: G1
Foto: Rhamses Soares, desenvolvedor que passou por uma demissão em massa no começo do ano — Foto: Arquivo pessoal