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OFERTA DE CURSOS DE MEDICINA CRESCE 157% EM CINCO ANOS

João Paulo - 05/04/2023 07:00 - Atualizado 05/04/2023

Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 157% no número de faculdades privadas que oferecem medicina entre suas graduações.

Enquanto isso, o número de universidades públicas da Bahia permaneceu o mesmo no período. Em 2017, apenas sete faculdades particulares tinham Medicina na grade. Eram 970 vagas para quem passasse no vestibular e estivesse disposto a arcar com os custos da graduação de seis anos. Cinco anos depois, em 2022, o estudo Demografia Médica revela que 18 instituições privadas formam médicos no estado e 2.424 vagas são oferecidas por ano, o que representa um aumento de 149%.

Na contramão da expansão das faculdades privadas, as universidades públicas pouco mudaram. Apenas 21 novas vagas foram criadas nos cursos de Medicina entre 2017 e 2022, em 11 instituições baianas. Se por um lado há quem defenda que o aumento desses cursos pode suprir a carência de médicos, especialmente no interior do estado, há quem se preocupe com a qualidade da formação desses novos profissionais.

Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenador do estudo Demografia Médica no Brasil, analisa que o grande desafio é que os novos médicos formados a cada ano contribuam para a dispersão dos atendimentos no interior. “Por enquanto, as escolas médicas privadas do interior têm funcionado como uma espécie de ‘república de estudantes’. São cursadas por pessoas que não são da região e que retornam para grandes centros depois de formados”, pontua.

Na prática, é como se as faculdades do interior formassem exércitos de médicos generalistas, que voltam para as capitais para se especializarem nas residências médicas. Grande parte dos recém-formados que continuam nas cidades afastadas dos centros urbanos se tornam plantonistas e atendem como clínicos gerais. O resultado disso é uma população desassistida, que precisa recorrer a grandes cidades quando há necessidade de atendimento especializado.

Fonte: estudo Demografia Médica

Foto: (Marina Silva/CORREIO)

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