Uma maior interferência do governo pode aumentar os riscos de governança corporativa da Petrobras, enfraquecendo sua qualidade de crédito, afirmou hoje a agência de classificação de risco Moody’s Investor.
Segundo relatório, mudanças na administração e no conselho da Petrobras enfraquecerão a qualidade de crédito da empresa caso o governo a use como instrumento para cobrir déficits fiscais, controlar os preços dos combustíveis e a inflação. Segundo a Moody’s, controles internos robustos da Petrobras protegem seus credores, mas o governo ainda exerce controle efetivo sobre a empresa por meio da participação acionária majoritária e influência no conselho.
“Os pronunciamentos e ações do novo governo sinalizam possíveis mudanças na estratégia de negócios da Petrobras”, diz o relatório. Qualidade de governança mais frágil e maior vulnerabilidade a interferência adversa pressionariam a qualidade de crédito da Petrobras e, eventualmente, seu rating.
O relatório vem logo depois de o governo indicar vários nomes para o Conselho de Administração da empresa e seu presidente afirmar que vai alterar a política de preços da empresa, que hoje se baseia na paridade internacional, ou PPI. Além disso, a empresa tem sido pressionada pelo governo para rever o programa de vendas de ativos, inclusive as já assinada no ano passado e não concretizadas.
Ontem, o Conselho da Petrobras rejeitou um segundo pedido do Ministério das Minas e Energia para que as vendas já contratadas fossem suspensas para revisão, afirmando que tinha de respeitar o estatuto da companhia e que a medida só será possível se o estatuto for modificado. Uma mudança na avaliação de crédito da Petrobras elevaria seu custo de captação de recursos e, com isso, seus ganhos e o espaço para investimentos.
Fonte: Moody´s
Foto: EV/Ebitda da estatal é de 3,1 vezes, contra 6,8 vezes das americanas Chevron e ExxonMobil14/04/2022REUTERS/Paulo Whitaker/File Photo/File Photo
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