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2023 TALVEZ SÓ COMECE NO 2º SEMESTRE – ARMANDO AVENA

Redação - 23/03/2023 14:51

Artigo do economista Armando Avena, publicado no jornal A Tarde em 23/03/2023

O ano de 2023 talvez só comece no segundo semestre, pelo menos no que se refere à economia. No momento em que escrevo, por exemplo, o comitê do Banco Central está reunido para decidir se dá início ao ciclo de queda dos juros, mas este colunista não precisa esperar o fim da reunião para dizer: a taxa de juro será mantida em 13,75% e o ciclo de queda só começa no 2º semestre. E o problema não é exatamente a nova “âncora fiscal” apresentada pelo ministro Fernando Haddad que, aliás, sob o ponto de vista econômico é excelente. Mesmo se Haddad tivesse apresentado a “âncora” antes da reunião do Copom,  os juros não cairiam, pois o projeto ainda vai passar pelo crivo do Congresso Nacional que pode modificá-lo. Esse é o verdadeiro problema do governo, afinal, após quase 100 dias de governo, ninguém sabe qual a força de Lula no Congresso Nacional, qual sua verdadeira base política e qual sua capacidade de enviar e aprovar projetos. Tradicionalmente, após ser eleito, todo  governante tem pelo menos seis meses de lua-de-mel com a população e com o Congresso, período em que  aprova tudo que quiser, pois o país e os políticos dão ao novo governo um crédito de confiança. Não tem sido assim com o governo atual, não só porque a eleição foi extremamente polarizada e Lula ganhou por uma margem mínima de votos, mas também porque o Congresso eleito é um dos mais reacionários da história recente, parte dele resistente às propostas do vencedor. Como se não bastasse, Lula aceitou e até apoiou a reeleição do presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, e também do Presidente do Senado, num movimento compreensível num cenário de forte polarização que culminou com uma tentativa de golpe em 8 de janeiro. Mas ficou a impressão de que tudo permaneceu como antes, que Lira continua dando as cartas no Congresso e que Lula ficou na dependência dos acordos que terá de fazer para ter base política para governar. O governo Bolsonaro foi capturado inteiramente por Lira e pelo Centrão e Lula, ao aceitar a permanência dos mesmos atores no poder,  está obrigado a provar que não será igualmente capturado e,  enquanto isso não acontecer, mantém-se a expectativa do mercado e da sociedade sobre sua capacidade de governar e manter-se no poder. É verdade que o presidente Lula é muito mais hábil e muito mais preparado para o exercício do poder do que Bolsonaro e poderá fazer do limão azedo, que é Lira e o Centrão, uma limonada, mas para isso precisa mostrar que tem cacife. Nesses 100 dias, Lula está tentando comer o mingau pelas bordas, procurando desconstruir Bolsonaro para com isso desmobilizar sua base no parlamento. Isso não basta, é preciso mostrar qual  a  sua base política e enviar imediatamente a “âncora fiscal” , a reforma tributária e o projeto da PPPs – Parceria Público Privada para o  Congresso Nacional, pois enquanto não tiver seus projetos aprovados o mercado, a economia, o Banco Central e a sociedade vão ficar na expectativa e aí 2023 talvez só comece no segundo semestre.

                                                    E QUANTO AOS JUROS

Para uma inflação, que estava em 10% ao ano, e caiu pela metade, sendo estimada em 5,3% para este ano, manter a taxa de juro em 13,75% é exagerado. Isso significa uma taxa de juros real de 8%, que mantida por muito tempo é recessão na veia. Por isso, o presidente Lula tem razão ao dizer que o ciclo de queda já deveria ter começado. É verdade que a inflação no setor de serviços deu um repique e em fevereiro atingiu 1,4%. Mas é pontual, por causa do período de festas. A verdade é que o Banco Central já devia ter iniciado o ciclo de queda nos juros e o governo já devia ter aprovado a âncora fiscal. A questão dos juros tem de ser resolvida de comum acordo entre a Fazenda e o Banco Central.

                                                  PIB DO AGRONEGÓCIO

O PIB do agronegócio na Bahia foi de R$ 110 bilhões em 2022, representando quase 30% do PIB baiano. É um PIB maior que o de todos os estados do Nordeste, à exceção de Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão. O crescimento do agronegócio na Bahia impressiona: em 2012, o segmento representava 22% do PIB baiano, agora representa 27,6%. O PIB do agronegócio é dividido em 4 segmentos:   Insumos, produção agrícola e pecuária,  produção industrial de base agrícola e transporte, comércio e serviços referentes à distribuição final. Este último item representa cerca de 60% do total. Mas em 2022, o PIB do agronegócio cresceu 1%, em termos reais, menos que o PIB baiano. Os números são da Sei.

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