A crise bancária iniciada com a liquidação de dois bancos americanos na semana passada voltou a assombrar os mercados hoje, diante do receio com a sustentabilidade do gigante Credit Suisse após seu principal investidor, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, se recusar a fornecer mais recursos para o banco suíço.
O CS é uma instituição global, com forte operação nos Estados Unidos, e vem enfrentando dificuldades há meses diante de problemas de gestão agravados pela alta dos juros e redução da liquidez nos países desenvolvidos.
Sua situação piorou após a crise dos bancos americanos, que aumentou a cautela dos correntistas e investidores. Hoje, a ação do CS cai cerca de 25% e leva junto os papéis de todos os bancos, especialmente os europeus, provocando uma onda global de aversão ao risco. O índice Euro Stoxx 600 cai 2,27%, com várias ações de bancos suspensas por queda excessiva e o índice do setor recuando 6,7%. BNP Paribas chegou a cair mais de 11% e o Deutsche Bank, 8%.
Nas bolsas nos Estados Unidos, que ontem mostraram um alívio no receio com a crise bancária, os bancos voltaram a cair e o índice Dow Jones cai 1,4%, o S&P500, 1,3% e o Nasdaq, 0,97%. O ETF, fundo negociado em bolsa, de ações do setor de financeiro perde 2,7% e o de bancos regionais, 4,7%. A fuga do risco faz o ouro subir cerca de 1% em Nova York, enquanto o petróleo derrete, com o tipo Brent perdendo 3,7%, a US$ 74,64 o barril, abaixo de US$ 75,00 pela primeira vez desde 2021. Também o Bitcoin sobe, 0,6%, negociado a US$ 24.881. O dólar ganha com a busca por porto seguro dos investidores e o índice DXY sobe 1,2%, acompanhando a maior procura por títulos do Tesouro americano, cujos preços sobem, derrubando seus rendimentos.
O juro do papel de dois anos cai 0,42 ponto percentual, para 3,80% ao ano, e o de dez anos, 0,21 ponto, para 3,42%. O índice do medo, o VIX, que mede a volatilidade das opções de S&P500, sobe 14%. No Brasil, a fuga do risco, o receio global com os bancos e a queda das commodities fazem o Índice Bovespa lutar para manter os 101 mil pontos, depois de atingir o menor nível desde 27 de julho do ano passado, aos 100.878 pontos na mínima do dia. Agora o índice, que tem hoje também vencimento de opções de Ibovespa, está em 100.999 pontos, queda de 1,88%. O dólar futuro sobe 1%, para R$ 5,324, maior nível desde 10 de fevereiro, acompanhando o exterior. Os juros futuros caem nos prazos mais curtos e sobem nos longos, indicando o risco de maior desaquecimento ou até recessão no exterior.
Fonte: divulgação
Foto: 21/01/2015. REUTERS/Kai Pfaffenbach