Segundo números da Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma das principais rodovias federais que cortam a Bahia, a BR-324 é a campeã quando se trata de motoristas dirigindo acima da velocidade máxima permitida.
A via somou mais de 110 mil infrações em 2022. Em média, ocorreram 301 infrações por dia e 12 por hora nessa estrada no ano passado, o que confere a essa BR a posição de terceira no ranking de acidentes no estado. Foram 772 em 2022. Este ano, já foram registradas 13 colisões frontais, causadas, principalmente, por ultrapassagens irregulares. Os números computados até março já somam um terço das ocorrências pelo mesmo motivo no ano passado, 39.
“O certo é 100km/h, mas acredito que é uma velocidade que os motoristas andam pouco nessa estrada. A maioria anda acima”, conta Vanúsia Maria Cedraz, 57 anos, que pega a BR-324 toda semana, saindo de Salvador para Feira de Santana. A percepção de Vanúsia se traduz nos números das infrações por excesso de velocidade nessa via, que supera as BRs 116 e 101, com, respectivamente, 81 mil e três mil registros. Dentro dos casos de alta velocidade na BR-324, 101.482 foram em ações de até 20% acima da máxima permitida e 9.125 até 50% a mais do que exige a legislação. Atitudes que, para quem trafega na estrada, são vistas como comuns. Fábio Dias, 27, é um exemplo: “De vidro fechado, você anda a 120 ou 140 km/h que nem sente direito”.
O soteropolitano reconhece que a prática é errada e arriscada, mas pontua que estar acima da velocidade regulada é um comportamento geral entre os motoristas. “Pelo menos, o trajeto de Salvador para Feira, na parte que não está esburacada, é quase ‘um convite’ pro cara correr”, argumenta, se referindo às condições da pista e ao fato da região ter uma das rodovias mais espaçosas do estado, sendo duplicada em boa parte de sua extensão.
A PRF também aponta o espaço da via como um dos fatores para a pressa dos condutores. Mário Henrique, diretor da PRF, vê na duplicação um fator para o constante descumprimento das regras de direção. “A BR-324 é duplicada em alguns trechos e ainda está em condições de dirigibilidade. Por isso, acaba sendo a principal em excesso de velocidade. As pessoas parecem dirigir em níveis acima do que é permitido, principalmente, quando há boas condições de tráfego”, diz o diretor, acrescentando que outros fatores são a falta de educação no trânsito e respeito às regras de boa parte dos motoristas nas rodovias.
Fonte: PRF e Jornal Correio
Foto: (Paula Fróes/CORREIO)