Presidente da ABPIP diz que Petrobras precisa contribuir para a desinterdição
Após quase 2 meses de interdição pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (veja aqui), os 38 campos do Polo Bahia Terra continuam paralisados gerando um custo pela descontinuidade da produção e trazendo prejuízos para a Bahia que deixa de arrecadar royalties e impostos.
Segundo o secretário executivo da ABPIP – Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás, Anabal Santos a interdição foi exagerada e está demorando muito.
“ Não se pode fazer uma interdição de longo prazo, pois isso compromete os ativos”, e completa dizendo que, para evitar os custos da descontinuidade, a Petrobras, que tem a concessão do poços, deveria estar sendo mais proativa e respondendo mais rapidamente às demandas da ANP, inclusive para mostrar a ANP que foi um exagero interditar todos os campos”
Segundo ele, o governo da Bahia vem acompanhando o processo e o governador Jerônimo Rodrigues já se reuniu com o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, mas as gestões necessitam ser mais rápidas para evitar um custo maior na retomada. “ A Petrobras precisa contribuir para que a desinterdição aconteça e o governo da Bahia deveria estar acompanhando a questão mais de perto”, afirma Anabal.
Ele lembrou que, além dos prejuízos com a arrecadação de impostos e royalties, muitas empresas do setor industrial baiano que compravam gás desses campos estão sendo prejudicadas.
O Polo Bahia Terra é um dos ativos que a Petrobras havia vendido para o consórcio formado pela PetroReconcavo (60%), empresa sediada na Bahia, e Eneva (40%) que apresentou a melhor proposta, de US$ 1,4 bilhão. Mas a assinatura do contrato ainda não se realizou e um dos motivos é a interdição.
“ Ninguém vai comprar um polo que foi interditado. A Petrobras, que tem a concessão, vai precisar colocar os campos em operação para poder voltar a negociar a venda”, diz Anabal.
O Polo Bahia Terra e o de Urucum, no Amazonas, são os únicos campos maduros no Brasil que ainda não foram vendidos. A venda não traz prejuízo para a Petrobras já que os campos maduros não são lucrativos para a estatal, mas quanto mais demora a interdição maior será o prejuízo.
A questão dos campos tem ainda um outro componente de ordem sindical. Pois algumas lideranças acreditam que os trabalhadores da Petrobras, que não foram alocados após a venda da Rlam e serão distribuídos para outras unidades da estatal, poderiam permanecer na Bahia caso o Polo Bahia Terra não fosse vendido. Uma hipótese irreal, não só porque os campos são antieconômicos para a Petrobras, como também porque o aproveitamento seria de contingente pequeno de trabalhadores e mesmo assim em áreas específicas.