Artigo discute a situação atual do Esquadrão de Aço
Qual o objetivo do Grupo City ao assumir o Esporte Clube Bahia? A resposta que logo vem à mente é essa: transformá-lo num dos maiores clubes do país e é isso que a torcida tricolor espera. Mas a forma como vem sendo conduzida a administração do departamento de futebol do clube dá a impressão de ser outro o interesse e já há entre alguns sócios a preocupação de que o objetivo seja transformar o tricolor num clube experimental, um clube onde o Grupo City possa fazer experiências com jogadores e técnicos promissores.
Será que a intenção Grupo City é fazer do Bahia apenas uma vitrine para preparação de jogadores promissores que serão negociados a posteriori? Essa é a pergunta de alguns torcedores. Não acreditamos nisso, mas as ações do departamento de futebol parecem caminhar nessa direção.
O clube iniciou a nova temporada com o recorde de contratações em sua história, no valor de R$ 70 milhões, mas, ao invés de trazer jogadores conhecidos já testados no futebol mundial, trouxe apenas promessas, na maioria jovens profissionais que não se saíram bem nos clubes onde atuavam ou que demonstram precisar de mais experiência para tornarem-se os craques que o Grupo City espera renegociar um dia.
É ai que surge a pergunta: será que o Bahia virou uma escolinha do Grupo City, um clube para fazer testes e colocar jogadores que precisam de mais experiência ou de mais catimba para brilharem no futuro, sabe-se lá quando e onde.
O técnico Renato Paiva, por exemplo, contratado por duas temporadas, independente dos resultados que apresente, seria uma experiência, um teste, uma aposta que pretende dar visibilidade a um treinador até que, acertando e errando, ele encontre o seu caminho. E convenhamos, por enquanto, Paiva só vem errando e desmoralizando o Esquadrão de Aço.
Aos 52 anos, Renato Paiva dirigiu apenas dois clubes sem muita expressão e com poucos resultados: o Independiente Del Valle e o León, além das categorias de base do Benfica. E a passagem por esses clubes não foi o que se pode chamar de grande atuação. O que justifica então essa contratação e por que um contrato de dois anos. Vamos passar dois anos com um técnico que faz experiências com jogadores a cada partida, que experimenta a cada jogo um novo esquema tático e que não sabe montar uma defesa?
Será que o Bahia virou a escolinha do Grupo City? A contratação do jogador Jhoanner Chávez, que custou R$ 18 milhões, a mais cara da história do futebol nordestino, parece dizer que sim. Ora, o equatoriano Chávez é apenas uma aposta do Grupo City e com o valor gasto na sua contratação o Bahia poderia ter comprado outros jogadores mais necessários ao clube. Nas intenções do departamento de futebol, o que está vindo primeiro: o Bahia ou o objetivo de formar jogadores para depois vendê-los gerando lucros?
A contratação do zagueiro Marcos Victor do Ceará por R$ 3,9 milhões segue a mesma lógica e é uma aposta que já vinha sendo monitorada pelo City Football Group e não uma aposta do Esporte Clube Bahia. Os demais jogadores contratados, todos desconhecidos, parecem obedecer mais ou menos a mesma lógica.
Mas não se pode crer que o Grupo City tenha o interesse de transformar o tricolor de aço num clube experimental, para formar jogadores e técnicos. Por isso é preciso dar um tempo para ver como vai se comportar o Esporte Clube Bahia daqui para frente.
E, vale destacar, neste artigo não vai nenhuma crítica à transformação do Bahia em SAF, um modelo moderno e que pode fazer do clube um dos maiores do país. Não vai também nenhuma critica ao Grupo City em sua essência, mas apenas na forma como está sendo conduzida a transição, deixando um dos maiores clubes do país sujeito a humilhação de tomar goleadas pelo Nordeste afora.
O que se busca aqui é o que a torcida tricolor quer: um departamento de futebol com foco nos resultados do Bahia e não apenas da empresa. (Editoria de Sport – 24/02/2023)