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IMPACTO DA AMERICANAS EM FUNDOS FOI LIMITADO, DIZ ANBIMA

João Paulo - 15/02/2023 13:20 - Atualizado 15/02/2023

O impacto da crise da Americanas no setor de fundos foi limitado, já que apenas 1.126 carteiras de um total de 28 mil possuíam papéis da companhia, em um valor total de R$ 8,5 bilhões,

menos de 1% do patrimônio total dessas aplicações, e todos os gestores ajustaram rapidamente os valores de suas cotas, evitando que investidores que sacassem antes se beneficiassem do atraso na marcação a mercado, avalia Carlos André, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

O mercado de títulos privados de renda fixa, porém, ainda sofre os efeitos da recuperação judicial da empresa, com os investidores pedindo prêmios mais altos para comprar debêntures. “Vai levar algum tempo para isso voltar ao normal e, até lá, pode ser até uma oportunidade para o investidor entrar no mercado com taxas mais altas”, afirmou, durante evento com jornalistas.

Segundo ele, nenhum gestor tinha aplicações indevidas em Americanas, apesar de muitos investidores terem sido surpreendidos com perdas em fundos conservadores que não imaginavam que tinham risco de crédito. “Os gestores fazem menção a essas aplicações nos documentos dos fundos, que deveriam ser lidos pelos investidores, e isso tem a ver com a questão da educação do investidor”, afirmou.

O caso também serve para o investidor aprender que o crédito privado tem riscos, seja quando compra diretamente o papel de uma empresa, seja em fundos de renda fixa. Nesse ponto, André destaca a importância da marcação a mercado dos títulos privados pelos bancos e corretoras que começou neste ano e que já mostrou aos investidores como essas aplicações oscilam.

Além de Americanas, o mercado de ofertas públicas de ações e renda fixa de empresas passa por um período sem negócios neste início de ano também pela alta dos juros e a queda da bolsa, diz José Laloni, responsável pela área de Mercados de Capitais da Anbima. Juros de longo prazo dos títulos do governo corrigidos pela inflação pagando mais de 6,0% reais ao ano acabam inibindo as empresas, que preferem esperar os prêmios caírem. A queda dos preços das ações também reduz o apetite das empresas por ofertas públicas subsequentes ou mesmo aberturas de capital. 

A Anbima enviou ontem ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, e à ministra do Planejamento, Simone Tebet, estudo sobre a importância do mercado de capitais no crescimento da economia e no desenvolvimento do Brasil. O documento enfatiza o potencial que os instrumentos de dívida corporativa têm para crescer ainda mais, especialmente para viabilizar operações de financiamento de longo prazo. Segundo a Anbima, as captações no mercado de capitais equivalem hoje a 50% do volume colocado em títulos públicos pelo Tesouro Nacional. Há seis anos, esse percentual era de 18%.

Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters

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