O IPCA, usado pelo Banco Central em suas metas de inflação, veio ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado, com alta de 0,53%, ante 0,56% projetados, e menor que o 0,62% de dezembro.
O índice de difusão, que mostra o percentual de itens em alta no mês, recuou, de 69,0% para 63,1%, sinal de que a inflação está menos generalizada. E a média dos núcleos acompanhados pelo Banco Central, que desconta itens mais instáveis, desacelerou de 9,11% em 12 meses terminados em dezembro para 8,72% em janeiro.
Apesar dessas boas notícias, os núcleos ainda mostraram alta na base mensal em níveis elevados, diz Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas. Na média, esses núcleos subiram 0,51% em janeiro em relação a dezembro, percentual ainda bastante alto, principalmente serviços subjacentes, com alta de 0,58% no mês, observa Laíz. Na comparação anual, ela cita que houve leve queda dos dois itens, mas se mantendo ainda em patamares altos, acima de 8,0% ao ano.
“Isso vai ao encontro do que o Bruno Serra (diretor de Política Monetária do BC) disse ontem durante evento, que apesar do headline da inflação estar voltando, serviços e núcleos continuam preocupando, na casa dos 9,0% ao ano, muito acima da meta, e por isso o BC se mantém vigilante”, explica.
A economista diz que espera 6,5% de alta no IPCA este ano e 5,0% em 2024 e que, especialmente pelo percentual do ano que vem, acima do teto de 4,5% da meta, o BC não deve cortar o juro tão cedo. “Vemos o juro caindo apenas em 2024”, afirmou. Para ela, esse cenário também não deve permitir que as expectativas de inflação voltem aos patamares mais próximos do centro da meta.
Já a Genial Investimentos acha que, apesar da desaceleração do IPCA em janeiro, a postura de cautela do BC deve continuar, uma vez que inflação de serviços, de maior inércia, mais difícil de derrubar, acelerou tanto na métrica mensal, de 0,4% para 0,6%, como em 12 meses, de 7,6% para 7,8%. A Genial cita ainda a ofensiva do governo contra as reformas feitas nos últimos anos, especialmente a independência do BC e a meta de inflação, que deve resultar a desancoragem das expectativas de inflação e “dificulta enormemente o processo de deflação em curso”. A Genial espera que o juro fique nos atuais 13,75% até o fim do ano ou até suba.
Foto: divulgação Banco Central