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CRÉDITO IMOBILIÁRIO CAIU 5% EM 2022 E DEVE RECUAR MAIS NESTE ANO

Redação - 05/02/2023 12:00

Os financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança e fundo de garantia do tempo de serviço terminaram 2022 com R$ 240,8 bilhões, o segundo melhor ano da série, mas 5% abaixo do resultado de 2021, informou hoje a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança.

A projeção para este ano é de nova queda, de 8%, diante da manutenção dos juros elevados, diz José Ramos Rocha Neto, presidente da Abecip. Considerando só os empréstimos com recursos da poupança, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, ou SBPE, a queda em 2022 foi maior, de 12,8%, para R$ 179,2 bilhões, enquanto os créditos com recursos do FGTS cresceram 27%, para R$ 61,6 bilhões.

Para o próximo ano, o volume do SBPE deve recuar 13%, para R$ 156 bilhões, e o FGTS deve subir 5%, para R$ 65 bilhões, com a liberação de novos recursos pelo fundo e novos programas sociais do governo. Parte da desaceleração dos empréstimos do SBPE reflete a redução do saldo das cadernetas de poupança, de 3,3% em relação a 2021, para R$ 764 bilhões. A redução das aplicações em poupança, avalia Rocha, é provocada pelo juro da Selic alto, que torna outras aplicações mais atrativas.

Em compensação, o juro atraiu recursos para outras modalidades de captação para o crédito imobiliário, como as Letras Imobiliárias Garantidas, as LIGs, que cresceram 87% em 2022 e atingem R$ 90 bilhões. Também as Letras de Crédito Imobiliário, as LCIs, aumentaram 70%, fechando o ano em R$ 239 bilhões. Rocha acredita que cada vez mais essas formas de captação vão substituir a caderneta e o FGTS no financiamento do crédito imobiliário.

No ano passado, elas já representaram 34% do funding do crédito imobiliário, ante 27% em 2021, enquanto a poupança caiu de 46% para 40% e o FGTS, de 27% para 26%. Esse movimento deve ser reforçado pela tendência de estabilidade ou nova queda das aplicações de poupança neste ano, afirma. O presidente da Abecip vê os juros do crédito imobiliário estáveis ou subindo um pouco neste ano, já que os bancos já usaram os limites de recursos obtidos da poupança, mais baratos, e devem recorrer a outros tipos de fontes de recursos, mais caras, para os novos empréstimos.

E como os juros devem permanecer altos, como indicou o Banco Central ontem, o crédito pode ficar mais caro. Ele estima também que o juro alto e a desaceleração da economia podem ter impacto nos distratos, quando comprador desiste da compra do imóvel e pede o dinheiro de volta, e que caiu no ano passado para 5,1% em relação às vendas na cidade de São Paulo, o menor nível desde 2012 e abaixo da média histórica de 8,6%. O número não deve ultrapassar, porém, os 6,2% de 2021. Já a inadimplência no crédito imobiliário se manteve em 1,5% pelo segundo ano seguido, uma das menores entre as diversas modalidades de crédito. O crédito com garantia de imóvel, o CGI, quando o dono do imóvel obtém um financiamento dando a propriedade em garantia, cresceu 21% em 2022.

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