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JORNAL A TARDE – ARMANDO AVENA: HOUVE UMA MUDANÇA ESTRUTURAL NA ECONOMIA BAIANA

Redação - 02/02/2023 08:31 - Atualizado 02/02/2023

Jornalista e economista, Armando Avena mostra as mudanças estruturais na economia

Uma mudança estrutural aconteceu na economia baiana e ninguém viu. A agropecuária e a indústria de transformação deram um salto qualitativo em 2022, aumentando significativamente sua participação no PIB, enquanto o setor de serviços sofreu uma queda expressiva e já não se pode mais dizer que a economia baiana é uma economia terciária. Naturalmente, ainda será preciso avaliar se essa tendência se consolidará, até porque parte da mudança tem a ver com a pandemia, mas os números não mentem.  A agropecuária, por exemplo, que em 2019 representava apenas 6,8% do PIB baiano, mais que dobrou sua participação em 2022, entre janeiro e setembro, e foi responsável por quase 16% do PIB,  superando a indústria de transformação e tornando-se o principal setor produtivo da economia baiana. Isso foi possível porque a  produção baiana de grãos vem crescendo como nunca e atingiu 11,3 milhões de toneladas de grãos, um recorde histórico. Na Bahia, o setor produtivo que mais cresce é o agronegócio.

Mas a indústria de transformação, que desde 2016 vinha perdendo posição de forma consistente, chegando a representar apenas 11% do PIB, e que foi impactada com o fechamento da Ford,  também começou a crescer e deu um salto: no acumulado de 2022 contribuiu com 14% na formação do PIB baiano, a maior participação desde que a série histórica foi iniciada.  Esse crescimento pode ser creditado ao aumento de mais de 40%  na produção de derivados de petróleo na Refinaria de Mataripe, que antes operava com capacidade ociosa e hoje opera a plena capacidade, mas também  a produção de óleo e gás e de energia.

 Quando se agrega à indústria de transformação o setor de construção civil e a indústria extrativa, compomos o setor industrial baiano que representou 23,4% do PIB estadual  no acumulado entre janeiro e setembro de 2022, o melhor resultado desde 2016.

Ao mesmo tempo se verificou uma queda expressiva na participação do setor de serviço na formação do PIB baiano. Responsável em 2019 por 71% do PIB, o setor  de serviços foi fortemente atingido pela pandemia e desde então vem reduzindo sua participação no PIB, atingindo em 2022 um percentual de apenas 60,7% do total, uma queda de mais de 10 pontos percentuais. É verdade que isso reflete a dificuldade de alguns segmentos do setor de voltarem ao patamar pré-pandemia, como por exemplo os ligados a eventos e ao  carnaval, que somente agora recuperam o fôlego. Mas, ainda assim, a queda foi muito expressiva e os líderes empresariais ligados ao setor, como a Fecomércio-Ba, CDL, FCDL e outros deveriam estar elaborando estudos, fazendo reuniões e pressionando o setor público em todas as suas esferas para ajudar na retomada do setor.

O fato é que o setor de serviços está tendo de dividir a liderança na economia baiana, já que quando se retira do segmento a administração pública – que representa 20% do setor –,  a participação dos serviços no PIB cai para cerca de 40%, o mesmo percentual da participação do setor industrial e da agropecuária somadas. Os números são da SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais.

                                         QUEM GERA EMPREGO NA BAHIA

É possível notar a mudança estrutural na economia baiana através daqueles municípios que mais geraram emprego com carteira assinada em 2022. Entre os 10 maiores,  metade tem especialização econômica na área de serviços e outra metade na área industrial. O top 10 do emprego formal na Bahia são: Salvador, com saldo positivo de 33,6 mil, seguido de Feira de Santana e Lauro de Freitas ( 7,2 mil), Vitória da Conquista (4,5 mil) e Camaçari (4,3 mil). E depois vem: Alagoinhas (4 mil), Simões Filho (2,5 mil), Luiz Eduardo Magalhães (2,4 mil), Barreiras (2,2 mil) e Porto Seguro (2,1 mil). Em termos per capita, os municípios que mais geram empregos são Lauro de Freitas e Luiz Eduardo Magalhães.

                                                    VAREJO EM FOCO

O varejo brasileiro está agitado. Após o problema verificado nas Lojas Americanas que resultou na recuperação judicial da empresa, outros gigantes do setor tentam se posicionar para ampliar seu maket share abocanhando clientes do grupo. Ao mesmo tempo, no ramo de supermercados há um processo de fusões e aquisições em curso, como grandes redes querendo entrar em novos mercados através da compra de grupos menores. O setor de Shopping Centers também não fica atrás e grandes grupos do sudeste do país, estão ávidos por entrar no mercado nordestino. O grupo Multiplan, por exemplo,  uma das maiores empresas da indústria de shopping centers do país, está de olho no mercado baiano. 

Publicado no jornal A Tarde em 02/02/2023

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