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VEJA O PAPEL DOS BANCOS PUBLICOS NO GOVERNO LULA

Redação - 01/02/2023 13:01 - Atualizado 01/02/2023

O papel dos bancos públicos no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou aos holofotes desde a campanha eleitoral.

Os primeiros projetos pensados pelo governo federal vieram à tona na última semana, ainda que os detalhes continuem superficiais. Em visita a Buenos Aires, ao lado do colega argentino Alberto Fernández, o presidente afirmou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltará a financiar projetos em países parceiros.

A medida está entre os fatores amplamente criticados na atuação do banco no passado, já que aliados deixaram de quitar partes dos empréstimos concedidos e pelo desvio da função inicial do banco, de “financiamento de longo prazo e investimento nos diversos segmentos da economia brasileira” — a definição está assim escrita no site do BNDES. “O BNDES vai voltar a financiar as relações comerciais do Brasil e vai voltar a financiar projetos de engenharia para ajudar empresas brasileiras no exterior e para ajudar que os países vizinhos possam crescer e até vender o resultado desse enriquecimento para um país como o Brasil. O Brasil não pode ficar distante. O Brasil não pode se apequenar”, disse Lula.

O petista acredita que empresas brasileiras podem se beneficiar ao prestar serviços para projetos internacionais financiados pelo BNDES. Lula também criticou o “enxugamento” do banco, que reduziu sua carteira de crédito desde que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu o impeachment, em 2016. Em 2013, ano de maior desembolso, o banco concedeu mais de R$ 190 bilhões em empréstimos. Já em 2021, última estatística de ano fechado, foram R$ 64 bilhões. Lula criticou a atuação. “Todo o dinheiro do BNDES é voltado para o Tesouro que quer receber o empréstimo que foi feito. Então, o Brasil também parou de crescer, o Brasil parou de se desenvolver e o Brasil parou de compartilhar a possibilidade de crescimento com outros países”, afirmou o presidente.

Essa possível reviravolta na gestão do BNDES é alvo de preocupação de agentes financeiros pelo potencial de desajuste no mercado de crédito e na própria saúde do banco. Para Sérgio Lazzarini, professor da Western University e pesquisador sênior do Insper, o banco deveria seguir caminho inverso ao indicado por Lula e continuar reforçando sua trajetória de apoio a empresas menores e mais restritas em crédito, além de projetos com maior impacto social e ambiental. “Em um momento de ajuste fiscal e de necessidade de se ajustar o aparato estatal para que proporcione maior impacto para o Brasil, o retorno a esse mecanismo de financiamento de obras externas feitas por grandes empresas está longe de ser prioridade”, diz Lazzarini.

Esse, inclusive, foi o caminho indicado por Aloizio Mercadante quando foi indicado para o cargo de presidente do BNDES. Além de prometer um papel equilibrado entre o Tesouro e o banco, o novo presidente disse que pretende focar em projetos de reindustrialização do país, e de incentivo à economia verde e à sustentabilidade.

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