Os pequenos negócios começam 2023 na expectativa de um ano positivo. Segundo previsões do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esses empreendimentos devem, em sua maioria, crescer e ganhar mercado impulsionados pelos meios digitais, ou e-commerce.
Entre os segmentos com maiores chances de permanecer em alta pelos próximos meses estão os de serviços relacionados à saúde, produtos veganos e vegetarianos, cosméticos naturais, mundo pet, dark kitchens (restaurante exclusivamente por delivery), moda e acessórios, clubes de assinaturas. A principal dica para isso é o investimento contínuo em marketing e relacionamento digital, afirmam os especialistas.
De acordo com Isabel Ribeiro, gerente adjunta da unidade de Gestão Estratégica do Sebrae na Bahia, a inclusão no universo online e a expansão do home office favoreceram em parte os pequenos negócios. Até mesmo o fato de algumas pessoas, inclusive, terem mudados para cidades menores, para “correr” do meio urbano e em busca de melhores condições para abrir empreendimentos de menor porte, em um moderno processo de interiorização.
“Nós estamos num processo inexorável de transformação digital, e com ele se abre uma cadeia de negócios que antes da pandemia não tinha sido tão expandida assim, nós vamos ter em 2023 uma continuidade do incremento dos negócios digitais. Mesmo que você tenha um empreendimento que seja físico, você não pode desprezar a existência da multifuncionalidade, principalmente das redes sociais”, diz Isabel.
A gerente acrescenta que é importante ter uma assessoria de comércio digital e dá dicas para quem deseja abrir seu próprio negócio do zero. “Em primeiro lugar, é importante ter um plano de negócios, estimar os custos iniciais, e fazer uma pesquisa mínima do mercado para saber o que está dando certo. É necessário avaliar também a concorrência e o espaço escolhido, se ele tem boa circulação de pessoas, segurança pública e iluminação”.
“Quanto de capital de giro eu vou precisar? Qual a mão de obra? Quais serviços vou oferecer? É preciso saber como eu vou remunerar essa mão de obra, avaliar custos, fazer uma estimativa dos produtos que serão vendidos. E entender que nos primeiros seis meses, você ainda estará formando uma clientela, então naturalmente você não terá ainda um fluxo de caixa que supere todos os seus gastos iniciais”, completa Isabel.
Expectativa em alta
Confirmando a expectativa positiva prevista pelos especialistas, donos de empresas de pequeno porte esperam um ano de aumento significativo no faturamento. É o caso de Mariana Machado, proprietária da Bahia Face Odontologia e Estética, empreendimento que se encaixa na área de saúde. “A expectativa é muito positiva, e decorre da confiança que temos em nossa equipe de profissionais e dos investimentos realizados em tecnologia para otimizar os atendimentos, sempre mantendo o foco no cliente. Em 2023, a nossa meta é aumentar o faturamento em 15% em relação ao ano anterior”, conta Mariana, que comanda o negócio junto com o marido, Marcos Ibrahim.
A empresária ainda diz que dá atenção especial às estratégias de digital branding e que o planejamento da Bahia Face para este ano aponta que a utilização de anúncios patrocinados continua sendo uma ótima ferramenta de prospecção de novos clientes. Já o Grupo Pinguim, que tem como ponto mais forte do negócio o modelo de delivery, pretende incrementar a receita em até 60% em 2023, como revela um dos sócios do empreendimento, Alberto Mattos, também conhecido como Bako. Inicialmente fundada como depósito de bebidas, hoje o estabelecimento também trabalha com eventos e outros produtos, aumentando seu leque de variedades.
“A expectativa para 2023 é muito positiva, pois conseguimos um contrato de exclusividade com a Heineken (cervejaria), uma gigante no setor. Em novembro também inauguramos a nova loja, agora reformada. Quando os clientes começarem a entender que estamos com um empório novo, vão consumir muito lá, porque a gente aumentou o nosso portfólio. Agora, além das bebidas, a gente vende carne, churrasco, tudo focado na praticidade, e temos uma área de tabacaria também”, diz Mattos.
O grupo tem investido muito em marketing digital, em aplicativos, e em tráfego pago. Mas, mesmo assim, segundo o empresário, o foco principal é o nível de excelência do serviço e o atendimento de qualidade. “Estamos investindo também nas plataformas digitais, TikTok, Instagram, Twitter. Trabalhamos forte para atingir nosso público alvo, porque também não adianta você investir pesado no marketing e ser em um espectro muito amplo, sem focar na sua persona e cliente, então traçamos estratégias para alcançá-lo”.
Wilde Robert Lima é proprietário da empresa Clube Deguste Saúde, que é uma loja de produtos naturais, e apesar de também prever aumento no faturamento, prega cautela com o cenário geral. “Ano passado foi o fim do ciclo de grandes interferências negativas externas aqui no Brasil, e este ano de 2023 é um ano incerto internamente, sem muita previsibilidade. A nossa perspectiva é de reduzir custos fixos e de um aumento tímido de 10% nas vendas. A regra é fidelizar os clientes já existentes e prospectar novos a fim de termos este incremento”, pondera Lima.
Para impulsionar o negócio, a empresa visa destrinchar o portfólio em nichos e ter um planejamento diferente para cada um, em cada canal de marketing e comunicação, seja físico ou online, para facilitar a comunicação, vendas e atendimento personalizado com os clientes. “O cliente pode fazer seu pedido pelo site e retirar na loja, ou pedir o delivery para qualquer endereço, entregamos até fora do País. E inclusive os canais digitais servem bastante para a fidelização e prospecção de consumidores por meio de vários tipos de posts, enquetes, stories e por aí vai. Se chegar uma nova tendência, assim como foi o reels (vídeos), estaremos lá aprendendo como se comunicar com os já clientes e os futuros por meio destas ferramentas”, diz o proprietário da Deguste Saúde.
Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE