A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) manifestou preocupação a respeito do Edital de Chamamento Público Nº 001/2022, da Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba), que prevê o credenciamento para exploração de pátio de triagem e estacionamento para caminhões destinados ou provenientes do Porto de Salvador.
O processo avançou e, na semana passada, foi publicado o resultado deste chamamento público, que teve duas empresas interessadas: a Sulog – Suape Logística Ltda e a Amalog – Amazônia Logística Ltda.
A FIEB não se opõe à organização do fluxo de cargas do Porto de Salvador, mas questiona um aspecto do recém-publicado Regulamento Geral de Credenciamento e Exploração de Pátio Para Caminhões no Porto de Salvador, em relação à exigência de obrigatoriedade de agendamento e triagem prévios no pátio credenciado. A exigência traz preocupação para a indústria, uma vez que impõe um custo desnecessário para caminhões oriundos da Região Metropolitana do Salvador (RMS) que acessam o Porto de Salvador. Neste caso, a quase totalidade das cargas do porto tem origem nos distritos industriais da RMS, em uma distância menor do que 100 km.
De acordo com o assessor do Conselho de Portos da FIEB, Carlos Danilo Peres, “em geral, pátios de triagem são necessários em duas hipóteses: para evitar filas de caminhões e congestionamento nas proximidades dos portos ou para dar suporte aos caminhoneiros e suas famílias que fazem viagens de longo percurso e precisam de um local para descansar”. Ele explica que, no caso do Porto de Salvador, nenhuma dessas hipóteses estão presentes.
“Atualmente, há um alto grau de organização de fluxo de veículos, com o estabelecimento de janelas de atracação e rápida comunicação com as indústrias e outros produtores da RMS, de forma que um caminhão não passa mais do que 30 minutos dentro do Porto. Do mesmo modo, como as cargas saem de locais de curta distância do Porto, tampouco há necessidade de salas de descanso para longos períodos, local para dormir e acomodar as famílias dos caminhoneiros, salas de jogos, refeitórios etc., conforme está justificado no edital”.
A avaliação do Conselho de Portos da FIEB – representação formada por especialistas, empresários e pessoas de referência do setor – é de que obrigatoriedade de passagem por um pátio de triagem mesmo próximo de Salvador, constitui-se um contrassenso para cargas que saem do Polo de Camaçari, pois impõe a necessidade de um desvio de rota que aumenta os custos para os usuários.
Desse modo, a indústria se posiciona contrária à ideia da obrigatoriedade da passagem de caminhões pelo novo pátio de triagem, considerando que esta medida implicará em custos para os usuários dos portos, que já sofrem com inúmeras dificuldades para enviar suas cargas para o exterior e para cabotagem.
Ressalte-se, mais uma vez, que a FIEB não se opõe a qualquer iniciativa de organização dos portos da Bahia, mas defende que este processo seja interrompido e que haja uma discussão mais ampla sobre o assunto com a participação de todos os agentes envolvidos para que sejam equacionados seus interesses e os ganhos potencializados.
Foto do Porto de Salvador Foto João Alvarez / Arquivo Sistema FIEB