A economia americana apresentou desempenho melhor que o esperado no quarto trimestre, o que reduz o receio de recessão, mas abre espaço para o Federal Reserve, o banco central americano, continuar apertando a política monetária nos próximos meses.
O Produto Interno Bruto dos Estados Unidos cresceu 2,9% anualizados no quarto trimestre, acima dos 2,6% projetados pelo mercado, informou hoje o Departamento do Comércio americano. A taxa ficou ligeiramente abaixo dos 3,2% do terceiro trimestre. Já o consumo, que representa 68% do PIB americano, cresceu 2,1%, ligeiramente menor que os 2,3% do período anterior, mas ainda firme. A boa notícia é que a inflação desacelerou, de 4,8% anualizados no terceiro trimestre para 3,2% no quarto, considerando o gasto do consumo pessoal, o PCE, com o núcleo, que exclui alimentos e combustível, recuando de 4,7% para 3,9%.
O número, porém, segue bem acima dos 2,0% da meta do Fed. Puxaram o PIB para baixo os investimentos fixos em residências, com queda de 26,7% pelo aumento do custo dos financiamentos, e nas exportações, de 1,3%, possivelmente pela valorização do dólar diante de outras moedas. Além do PIB, outro número indicou maior força da economia americana, mas com um retrato mais atualizado: os pedidos semanais de seguro-desemprego caíram na semana passada para 186 mil, ante 190 mil na semana anterior e 205 mil projetados pelo mercado, indicando um mercado de trabalho ainda forte.
Também os pedidos de bens duráveis em dezembro nos EUA vieram mais fortes que o esperado, com aumento de 5,6%, ante expectativa de crescimento de 2,5%, e bem melhores que o dado de novembro, que foi revisado de -2,1% para -1,7%. Excluindo Transportes, os bens duráveis tiveram queda de 0,1%, menos que o -0,2% projetado pelo mercado. Esses dados devem pesar na decisão do Comitê de Mercado Aberto do Fed na quarta-feira que vem. A expectativa é que o Fomc pode aumentar os juros em 0,50 ponto percentual ou 0,25 ponto. As bolsas americanas ganharam força diante dos dados positivos da economia, com o índice Dow Jones subindo 0,3%, o S&P500, 0,7% e o Nasdaq, 1,2%. O dólar está praticamente estável diante de outras moedas e o rendimento dos títulos de dez anos teve pequena alta, de 0,02ponto percentual, para 3,48% ao ano.
O petróleo sobe e o tipo Brent é negociado a US$ 87,96, alta de 2,14%. No Brasil, o Índice Bovespa tenta sua terceira alta seguida, com ganho de 0,23%, aos 114.527 pontos, puxado pelas ações da Vale. Os setores de consumo e imobiliário sobem com a queda dos juros longos. O dólar futuro se recupera das quedas da semana, que chegam a quase 2,5%, e sobe 0,3% no dia, negociado a R$ 5,095.