Os tremores de terra recorrentes em Jacobina, no Norte do Estado, estão assustando os moradores. Dos cinco abalos sísmicos registrados na Bahia, neste ano, quatro foram em Jacobina e um em Jaguarari.
Na última terça-feira (17), moradores da Rua Santos Reis, no bairro da Grotinha, ficaram em pânico durante o episódio de tremor. Eles relataram ouvir um forte barulho e suas casas tremerem. O abalo aconteceu por volta das 18h30 e atingiu 2.7 mR nas estações sismográficas operadas pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande Norte (LabSis/UFRN).
Um dia antes, na segunda-feira (16), as estações do LabSis/UFRN já tinham registrado um tremor de mesmo impacto. O abalo aconteceu por volta das 14h30 e atingiu 2.5 mR. Apesar da alta liberação de energia, não houve relatos da população ter sentido ou ouvido o tremor. Uma outra atividade sísmica aconteceu no último sábado (14). O tremor teve magnitude de 1.7 mR. No dia 8 de janeiro mais um abalo de magnitude calculada em 1.5 mR também foi registrado em Jacobina.
Em dezembro de 2022, Jacobina foi o município baiano com mais registros de tremores, totalizando 11 ocorrências. A cidade de Jaguarari registrou cinco tremores, além de Campo Formoso e Curaçá, que tiveram um tremor cada. Todos 18 terremotos que aconteceram no período foram em municípios da região norte do Estado. Em apenas um dia, em maio do ano passado, Jacobina contabilizou 16 tremores. Na ocasião, o de maior magnitude, registrado às 4h48, teve sua magnitude calculada em 2.3 mR. O mesmo aconteceu em 4 de março de 2022, quando o município registrou 17 eventos sísmicos.
Desde fevereiro de 2021, quando foi instalado o sismógrafo na cidade, foram contabilizados mais de 100 tremores. Clique aqui e veja o relatório do LabSis/UFRN.
Mineração
Moradores acreditam que os tremores tem relação com a atividade mineradora da Jacobina Mineração Yamana Gold, que atua fazendo a extração de ouro na cidade. Em nota enviada ao CORREIO, a Yamana informou que os horários de desmonte de rocha nas minas não coincidem com os horários dos tremores sentidos pela população e pelas estações do LabSis/UFRN. A empresa informou ainda que instalou quatro aparelhos para medições sismológicas na barragem e nas comunidades de Jaboticaba e Itapicuru. Veja nota na íntegra:
Em virtude dos recentes abalos sísmicos na região e em atendimento aos questionamentos das comunidades locais, a Jacobina Mineração/Yamana Gold – JMC esclarece que os horários de desmonte de rocha para a operação de lavra em sua mina não coincidem com os registros feitos no final de semana pelo Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis-URFN).
Desde fevereiro de 2021, uma equipe de especialistas em sismologia independentes analisa os eventos ocorridos no município de Jacobina. Desde então estão sendo desenvolvidos trabalhos geológicos e geofísicos e levantamento das áreas de riscos sísmicos. Para estas análises, a JMC adquiriu quatro aparelhos para medições sismológicas que foram instalados estrategicamente na barragem e nas comunidades de Jaboticaba e Itapicuru. Os equipamentos fornecem informações, em tempo real, na detecção e medição de tremores de terra.
A empresa tem acompanhado os boletins fornecidos pelo LabSis-URFN sobre os abalos sísmicos naturais e de baixa magnitude que vêm ocorrendo no nordeste brasileiro como em Belo Monte-AL, Paramoti-CE, Canhoba-SE, Caruaru-PE, e na Bahia nos municípios de Laje, Jaguarari, São Miguel das Matas e Jacobina e continua aberta, transparente e ouvindo as comunidades.
É importante ressaltar que as barragens da JMC foram construídas considerando possíveis abalos sísmicos. Elas continuam seguras, operando normalmente e com Declaração de Condição de Estabilidade validada junto à Agência Nacional de Mineração (ANM). A JMC continua à disposição para esclarecimentos, informações e dúvidas por meio dos canais oficiais: Ouvidoria 0800 071 3230 (24h por dia), ou pelo e-mail [email protected].