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AGENDA ECONÔMICA DE LULA AINDA NÃO CONVENCEU ESPECIALISTAS

Redação - 17/01/2023 07:00

A agenda econômica, do presidente Luis Inácio Lula da Silva ainda não tem se mostrado forte para alguns economistas ouvidos em uma pesquisa realizada pelo portal G1.

Logo no início do mandato, a crise das contas públicas do país era o maior desafio que o governo teria. Em paralelo a isso um programa de ampliação de receitas e a reforma tributária.

Parte dos especialistas afirma que a dissolução dos atos antidemocráticos exige tanta atenção do governo que pode causar atraso nas discussões sobre a política fiscal e na negociação de reformas no Congresso Nacional. Na outra ponta, há que defenda que a rápida resposta do presidente Lula e a unificação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar o tema deram uma segurança maior ao mercado e trouxeram um ganho político ao novo governo — o que pode aumentar as chances de uma evolução mais rápida nos trâmites da agenda econômica.

Com o cenário fiscal no centro das atenções, a percepção de alguns economistas é que a rápida resposta aos atos antidemocráticos facilita o desenrolar dos planos do governo. Junto a isso, o recente pacote econômico anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na semana passada, foi bem recebido pelo mercado.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Pedro Afonso Gomes, os ataques têm pouca importância para o progresso do debate fiscal e das discussões sobre ajustes no orçamento e reforma tributária. Ele comenta que nem mesmo o mercado sentiu algum baque desses atos, citando como exemplo a reação positiva da bolsa de valores brasileira logo após os eventos do domingo, e opina que as perspectivas já parecem ser mais positivas para a economia.

“Do lado do mercado, se a resposta do governo [para os atos antidemocráticos] tivesse atrasado ou demorado, acho que os efeitos poderiam ser piores. Mas a questão foi resolvida rapidamente e a maioria dos agentes econômicos trabalha no médio e longo prazo. O mesmo acontece do ponto de vista do fiscal, onde já vemos o quadro começar a evoluir”, diz.

Haddad trouxe, na semana seguinte aos ataques, as primeiras medidas para tentar reduzir o rombo das contas públicas e conter a alta na dívida do setor público. Entre as medidas, está um novo programa de parcelamento extraordinário de dívidas, a intenção de reduzir R$ 50 bilhões em despesas, entre outros.

“Nós já percebemos um posicionamento mais firme do Lula, que tem pedido que seus ministros apresentem resultados. Houve um freio por conta dos atos antidemocráticos e é natural, já que o governo precisa dar uma resposta à altura, não só na política, mas na parte criminal também. Mas agora, já vemos o pessoal mostrando trabalho”, afirma o economista, advogado e conselheiro deliberativo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Alessandro Azzoni.

Os economistas dizem acreditar, ainda, que as medidas anunciadas pelo governo para endereçar os ataques trouxeram uma maior força política para Lula e podem até acabar diminuindo eventuais divergências no Congresso, de maneira a atenuar os posicionamentos mais radicais e a facilitar a articulação com os parlamentares, ajudando a encaminhar as pautas da agenda econômica. “Acredito que o debate [fiscal] vai prevalecer. Acho que os grandes pontos que precisam acontecer vão passar e a minha opinião é que ainda devem passar com maioria. Não vejo tanta divergência ideológica”, completa Gomes, do Corecon, destacando que mesmo que os princípios mais conservadores sejam mantidos, haverá um espaço maior para conversa.

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