Quem encontra um médico em que confia cria uma relação de lealdade. E não poder mais se consultar com este profissional porque o plano de saúde resolveu descredenciar o seu consultório ou clínica em que ele atua vira um problemão.
Na Bahia, nos últimos dois anos, o número de reclamações contra operadores de saúde por descredenciamento cresceu 46%, apontam dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Foram 45 queixas de 1º de janeiro a 29 de novembro de 2020 contra 66 no mesmo período deste ano. Em 2021, o número já havia crescido, com 50 reclamações. Ao todo, 1.660.703 pessoas possuem plano individual ou coletivo no estado. A professora Lúcia de Fátima, 53 anos, deparou-se com a situação quando tentou marcar consulta com um especialista em visão subnormal para a filha mais nova, que tem deficiência visual, e recebeu informação que a clínica não atendia mais pela Unimed Nacional. “É uma situação desesperadora porque minha caçula precisa do acompanhamento e não são todos oftalmologistas que entendem o quadro dela”, reclama.
Lúcia conta que ainda ligou para a operadora buscando algum outro médico especialista na área, mas não encontrou na Bahia. Ela e a filha marcaram consulta com a médica que fazia supervisão e depois solicitou reembolso. Dos R$ 300 cobrados pelo atendimento o plano devolveu apenas R$ 81. As mudanças na rede de prestadores de serviço se deve à tentativa de redução dos custos das empresas, explica o advogado especialista em direito à saúde Rodrigo Araújo. “As reclamações aumentaram em todo país. A SulAmérica excluiu todos os laboratórios que não fazem parte da Rede Dasa nos contratos individuais. Informou com antecedência, mas só comunicou que continua tendo serviço”, exemplifica. “O consumidor contratou, por exemplo, 20 marcas de laboratório e agora tem 10, mas continua pagando mesmo valor”, diz.
A forma como o descredenciamento acontece varia conforme conduta da empresa. “Amil já faz isso há muito tempo, tem atuação incidente de descredenciamento de hospital em planos antigos vigentes que não comercializa mais. Unimed tem muito redimensionamento da rede credenciada (reorganiza o tamanho)”, acrescenta.