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DEPUTADOS ESTADUAIS VÃO GANHAR 19 VEZES MAIS QUE RENDA MÉDIA DE TRABALHADORES DOS RESPECTIVOS ESTADOS

Redação - 27/12/2022 09:00

Deputados estaduais de dez assembleias legislativas que aprovaram, na última semana, aumento gradual nos salários ganharão, a partir de janeiro do ano que vem, em média, 19 vezes mais que os trabalhadores do estado em que legislam.

Levantamento do Globo mapeou, a partir dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média nas unidades da federação que aprovaram os projetos. São elas Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.

Atualmente, os deputados estaduais destas localidades faturam R$ 25,3 mil por mês. Os decretos legislativos preveem aumentos em etapas até fevereiro de 2025. Em janeiro do ano que vem, a renda será atualizada para R$ 29,4 mil. Três meses depois, para R$ 31,2 mil. Na sequência, em fevereiro de 2024 e 2025, o salário passará para R$ 33 mil e R$ 34,7 mil, respectivamente.

Considerando o valor que entra em vigor no próximo mês — acima de R$ 29 mil —. trabalhadores ganharão, em média, 19 vezes menos que os parlamentares. Com a pior renda do país, o Rio Grande do Norte é o estado entre os citados com a maior disparidade. Lá, os deputados ganharão 22,8 vezes mais que os trabalhadores. Na região, a média salarial regula com o salário mínimo nacional — R$ 1.292. Em contrapartida, São Paulo é onde há a menor diferença: uma proporção 15,29 vezes maior.

O movimento das Assembleias Legislativas seguiu a tendência do Congresso Nacional, que aprovou, na última terça-feira, reajustes nos salários do presidente e vice-presidente da República, ministros de Estado, deputados federais e senadores. Tanto no Congresso quanto nas Assembleias a correção é de 37%. Em um contexto nacional, a renda média do brasileiro, segundo o IBGE, é de R$ 2.754. Assim, em janeiro, os membros do Congresso passarão a ganhar 15,1 vezes a mais que o trabalhador comum.

O único país da América Latina que mantém esta mesma proporção é a Colômbia, onde os deputados recebem R$ 37.859 por mês, e a população, R$ 2.504. Nos demais vizinhos, como a Argentina, a diferença é significativamente menor: congressistas recebem 6,2 vezes a mais que a população. Em El Salvador, localizado na América Central, um parlamentar ganha 3,4 vezes mais que a remuneração média, quantia que se assemelha à realidade do Norte da Europa. Na Dinamarca, a proporção é de 2,9: o salário do Congresso é de R$ 44,4 mil, enquanto o dinamarquês comum fatura R$ 15,2 mil.

— Temos um elitismo da nossa classe política, o que não justifica a tomada de decisões tão distantes do nosso contexto social. Há um descontentamento da população com a remuneração alta, mas durante o pleito isso não é levado em conta. Por isso, os parlamentares se sentem mais à vontade de tomar decisões impopulares. No entanto, se tivéssemos redução dessa remuneração, teríamos mais verba para políticas públicas — afirma a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Foto: Pedro Kirilos/O Globo

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