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RELEMBRE AS MORTES QUE MARCARAM 2022 NO BRASIL E NO MUNDO, DA MÚSICA À POLÍTICA

Redação - 26/12/2022 07:20

O ano de 2022 entra para a história com a marca de muitas perdas irreparáveis tanto para o Brasil quanto para o mundo seja na cultura, na comunicação, na arte, no esporte ou na política.

Só nas últimas semanas perdemos a escritora Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL), e o ator Pedro Paulo Rangel, conhecido por trabalhos como as novelas “Gabriela” (1975), “Saramandaia” (1976), “Vale tudo” (1988), “O cravo e a rosa” (2000) e o humorístico “TV pirata” (1988). ‘Todos que foram defenestrados da Palmares voltarão ao lugar de heróis’, diz futuro presidente da fundação.

Além de Nélida, outra grande escritora brasileira também nos deixou este ano, aos 98 anos, no início de abril: Lygia Fagundes Telles. Lygia ocupava a cadeira de número 16 da ABL desde 1985 e foi vencedora de quatro prêmios Jabuti e do Camões, mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa, em 2005. De Elza Soares à Olivia Newton-John, de Jô Soares à rainha Elizabeth II, de Milton Gonçalves a Sidney Poitier, perdemos todos. Diante da morte, a vida parece mesmo ser uma “viagem passageira”, como cantou Gal Costa, que também nos deixou este ano.

A Música Popular Brasileira perdeu alguns de seus maiores expoentes. Gal Costa, considerada por muitos como “a maior cantora do país”, morreu no dia 9 de novembro, aos 77 anos, e deixou uma legião de fãs – em grande parte jovens. Da bossa nova ao tropicalismo, Gal sempre quis e soube se reinventar. Gal e a filantropa Lily Safra foram as únicas brasileiras a serem destacadas pelo ‘New York Times’ em lista de mortes notáveis ​​do ano.

Erasmo Carlos, o “Tremendão”, morreu algumas semanas depois de Gal, com quem gravou a clássica “Detalhes”, uma das tantas parcerias com o rei Roberto Carlos. Com Roberto e Wanderléa, Erasmo criou a “Jovem Guarda”, movimento que revolucionou o rock nacional. Poucos dias antes de morrer, Erasmo ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa pelo seu álbum mais recente: ‘O futuro pertence à… Jovem Guarda’.

Elza Soares, consagrada como “a voz do milênio” pela BBC, queria “cantar até o fim” e assim o fez. Menos de dois dias antes de morrer, em janeiro, aos 91 anos, Elza gravou um DVD no Teatro Municipal de São Paulo. A última música que cantou foi “A Mulher do Fim do Mundo”.

Luiz Galvão, um dos fundadores do grupo “Novos Baianos”, morreu em outubro, aos 87. Junto com o parceiro Moraes Moreira, Galvão compôs clássicos como “Preta, Pretinha” e “A Menina Dança”, essa última interpretada por Baby do Brasil. Ambas as músicas fazem parte do álbum “Acabou Chorare”, que, em 2007, foi eleito pela revista Rolling Stone como o melhor álbum de música popular brasileira da história.

O músico e maestro Paulo Jobim, filho mais velho de Tom Jobim, morreu no dia 4 de novembro. Como instrumentista e arranjador, trabalhou com artistas de peso como Chico Buarque, Sarah Vaughan, Astrud Gilberto e Milton Nascimento, entre muitos outros, incluindo o seu pai.

Elifas Andreato, apesar de não ser músico ou cantor, tem seu nome eternizado na história da MPB. O artista plástico fez algumas das capas de discos mais memoráveis da discografia nacional. Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Elis Regina foram alguns dos artistas que tiveram suas capas criadas por Andreato. Um de seus trabalhos mais recentes foi com o rapper Criolo, em 2017, com o “Espiral da Ilusão”.

Alguns músicos de extrema importância também nos deixaram. Oscar Bolão, um dos maiores bateristas da MPB, morreu em fevereiro, aos 68 anos. Bolão fez parte da Orquestra de Música Brasileira, da Orquestra de Cordas Brasileiras e da Orquestra Pixinguinha. Ele se apresentou em shows e participou de gravações que marcaram a trajetória de vários artistas de relevância, como Ney Matogrosso e Elizeth Cardoso.

Djalma Corrêa, um dos maiores percussionistas brasileiros, morreu aos 80 anos, neste mês de dezembro. Em 1964, em Salvador, participou do espetáculo “Nós por exemplo”, com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, artistas que anos depois lançariam o movimento tropicalista. Djalma voltaria a tocar com Caetano, Gil, Bethânia e Gal separadamente, e também no grupo Doces Bárbaros.

Ele participou de importantes discos como “África-Brasil” (Jorge Ben), “Álibi” (Maria Bethânia), “E que tudo mais vá pro inferno” (Nara Leão), “Nós” (Luiz Melodia), “Almanaque” (Chico Buarque), “Mancha de dendê não sai” (Moraes Moreira) e “O Canto dos Escravos” (Clementina de Jesus, Tia Doca e Geraldo Filme).

Paulinha Abelha, do “Calcinha Preta”, nos deixou precocemente aos 43 anos, em fevereiro. Ao lado de Silvânia Aquino, Bell Oliver e Daniel Diau, a cantora deu voz a sucessos do forró eletrônico como “Louca por ti”, “Ainda te amo”, “Baby doll” e “Liga pra mim”, em mais de 20 álbuns.

Outro que nos deixou precocemente foi o sertanejo Aleksandro, da dupla com Conrado. Com 34 anos, o cantor morreu em maio. Aleksandro já gravou uma música com Luan Santana, “Certos Detalhes”, em 2011. Taylor Hawkins, baterista da banda americana Foo Fighters, morreu em março, aos 50 anos, dois dias antes do show no festival Lollapalooza, em São Paulo, que foi cancelado. No palco, Hawkins dividia os holofotes com o líder da banda, Dave Grohl. Dois músicos internacionais veteranos também nos deixaram: Keith Levene, guitarrista fundador do The Clash, aos 65 anos, e Alan White, baterista da banda britânica de rock progressivo Yes, aos 72 anos.

Jerry Lee Lewis, lenda do rock conhecida por clássicos como “Great balls of fire” e “Whole lotta shakin’ goin’ on”, músicas que foram lançadas em 1957, morreu em outubro. O cantor e pianista tinha 87 anos e era o último grande nome ainda vivo entre os pioneiros do rock (ao lado de Elvis Presley, Chuck Berry, Fats Domino, Little Richard, Carl Perkins e Gene Vincent).

Entre os muitos destaques de sua múltipla carreira, Jô Soares, que morreu em agosto, aos 84 anos, criou alguns dos personagens mais marcantes da história da televisão brasileira. O ator, escritor, apresentador e diretor deu vida a Reizinho, Capitão Gay e Zé da Galera, entre tantos outros.

O apresentador deixou claro em diversas ocasiões seu posicionamento contra a ditadura militar e a censura imposta pelo regime no Brasil. O artista chegou a ser processado em 1969 pelo então ministro da Justiça Alfredo Buzaid por conta do texto “A Cama”, publicado no jornal satírico O Pasquim. Ele foi acusado de obscenidade, mas acabou absolvido.

Milton Gonçalves morreu em maio, aos 88. Militante do movimento negro, o ator participou do Teatro Experimental do Negro, candidatou-se a governador do estado do Rio de Janeiro em 1994 pelo PMDB (experiência que o ajudou a compor o personagem Romildo Rossi, um político corrupto, na novela “A favorita”, de 2008) e foi o primeiro brasileiro a apresentar uma categoria na cerimônia de premiação do Emmy Internacional em 2006, ao lado da atriz americana Susan Sarandon para anunciar o vencedor de melhor programa infanto-juvenil.

Famosa por seus papéis cômicos na TV, como Dona Cacilda da “Escolinha do Professor Raimundo” e Edileuza de “Sai de Baixo”, Claudia Jimenez morreu aos 63 anos, em agosto. Na década de 1980, trabalhou por quatro anos no programa “Viva o Gordo”, com Jô Soares, e também da série “Armação ilimitada”.

Mas foi como a atrevida Dona Cacilda, da “Escolinha do Professor Raimundo” (1990-1995) que Claudia ganhou maior destaque para o público. A aluna Cacilda desconsertava o professor Raimundo com suas tiradas de duplo sentido sexual. Seu bordão era “beijinho, beijinho, pau pau”, em referência à música “Beijinho, beijinho, tchau, tchau”, da apresentadora Xuxa, inspiração também para o visual de Cacilda. Em uma entrevista ao Fantástico, em 2014, Claudia contou que Cacilda foi a personagem que mais amou. “Não era nem propriamente pelo personagem, mas pelo que eu vivi ali dentro. Foram seis anos de gargalhadas”, disse.

Pedro Paulo Rangel morreu na última semana, aos 74 anos. O ator é conhecido por trabalhos como as novelas “Gabriela” (1975), “Saramandaia” (1976), “Vale tudo” (1988), “O cravo e a rosa” (2000) e o humorístico “TV pirata” (1988). O artista acumulou dez premiações desde que começou nos palcos, em 1968.

Rangel ganhou o Prêmio Molière de melhor ator em três oportunidades: 1982, por “A Aurora da Minha Vida”; 1989, por “Machado em Cena – Um Sarau Carioca”; e em 1994, por “O Sermão da Quarta-Feira de Cinzas”. O ator venceu duas edições do Prêmio Shell. A primeira em 1994, por “O Sermão da Quarta-Feira de Cinzas”, e outra em 2004, por sua atuação em “Soppa de Letra”.

Françoise Forton morreu em janeiro, aos 64 anos. Com mais de 50 anos de carreira, a atriz atuou quase a vida inteira, dos palcos à TV, da comédia ao drama, passando pelo musical. Aos 11 anos, já subia ao palco, ao lado de lendas como Glauce Rocha, Darlene Glória e Jorge Dória, na montagem de “Os pais abstratos”. Além de atriz, era formada em ballet clássico, estudou música e cursou na Royal Academy of Dance de Londres. Estudou ainda canto lírico e canto popular.

Inúmeros outros atores e atrizes brasileiros também nos deixaram este ano. Roberto Guilherme, o sargento Pincel dos Trapalhões; Marilu Bueno; Ilka Soares; Suzana Faini; Nadia Carvalho, a Santinha Pureza da Escolinha do professor Raimundo; Djenane Machado, a primeira Bebel de A Grande Família e Marcia Manfredini, a Abigail da versão mais recente de A Grande Família, são alguns deles.

Alguns dos atores e atrizes que nos deixaram este ano tiveram a honra de levar para casa um dos maiores prêmios de cinema do mundo: o Oscar. Sidney Poitier, que morreu em janeiro, aos 94 anos, fez história ao se tornar o primeiro negro a ganhar um Oscar de melhor ator. Ele ganhou a estatueta por “Uma voz nas sombras”, em 1964. Isso só se repetiu 38 anos depois, em 2002, com Denzel Washignton levando a estatueta por “Dia de treinamento”. Coincidentemente, foi na mesma cerimônia em que Poitier recebeu o Oscar pelo conjunto da obra.

O americano William Hurt ganhou o Oscar de melhor ator em 1986 por “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco. O ator interpretava um prisioneiro gay e contracenava com a veterana brasileira Sônia Braga. Ele morreu em março, aos 71 anos. Louise Fletcher, que em 1976 ganhou o Ocar de melhor atriz por seu papel como a enfermeira Ratched em “Um estranho no ninho”, morreu em setembro, aos 88 anos.

Robbie Coltrane, o Hagrid de Harry Potter, morreu em outubro, aos 72 anos. O ator também fez parte do elenco dos filmes de James Bond. Coltrane certamente será mais lembrado como Hagrid, papel que, nas palavras de sua agente, levou “alegria para crianças e adultos em todo o mundo, gerando um fluxo de cartas de fãs todas as semanas por mais de 20 anos”.

Olivia Newton-John morreu em agosto, aos 73 anos. A atriz e cantora ficou famosa por interpretar Sandy Olsson no filme “Grease: Nos tempos da brilhantina”, com John Travolta. Por Sandy, foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz de comédia e musical em 1979. Da trilha sonora do filme, a música “You’re the One That I Want”, dueto dela com Travolta, ficou nas paradas de sucesso americana por seis meses. Olivia venceu quatro Grammys em toda a carreira.

Considerada a “rainha do cinema italiano”, a atriz Monica Vitti morreu em fevereiro, aos 90 anos. Monica era conhecida como a “musa” do diretor Michelangelo Antonioni, um dos principais cineastas do movimento neo-realista italiano — eles tiveram um relacionamento entre 1957 e 1967. Viveu as protagonistas complexas e atormentadas de “A aventura” (1960, pelo qual recebe uma indicação ao Bafta), “A noite” (1961) e “O eclipse” (1962), a “trilogia da incomunicabilidade” que consagrou Antonioni mundialmente.

Alguns cineastas renomados também nos deixaram este ano. O franco-suíço Jean-Luc Godard morreu aos 91 anos, em setembro. Ele foi um dos líderes da Nouvelle Vague, movimento que revolucionou o cinema a partir do final dos anos 1950. O impacto causado por seu primeiro longa, “Acossado”, dura até hoje entre jovens cineastas. Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Godard acompanhou as diversas fases do cinema, explorando mídias como o vídeo, o digital e até o cinema em 3D. Por sua influência no cinema de vanguarda, ganhou o apelido de God-Art (Deus da arte).

Arnaldo Jabor, que ganhou o Urso de Prata com o filme ‘Toda nudez será castigada’, morreu em fevereiro, aos 81 anos. Jabor começou a chamar atenção ainda no tempo do Cinema Novo. Em 1967, inspirado pelo “cinema verdade” de Jean Rouch, levou a câmera às ruas e lançou “A opinião pública”, documentário que expõe a ignorância política da classe média carioca após o golpe militar de 1964.

No filme, já estavam presentes características que Jabor cultivaria por toda a vida, como o interesse em dissecar as contradições da classe média brasileira e a disposição para intervir criticamente no debate público. Para o cineasta Luiz Carlos Barreto, o filme já anunciava a “veia jornalística” de Jabor, cujo “tema preferido era o amor”.

Breno Silveira, diretor de filmes como “Dois filhos de Francisco” (2005) e “Gonzaga: de pai pra filho” (2012), morreu em maio, aos 58 anos. Ele estava rodando cenas do filme inédito “Dona Vitória”, estrelado por Fernanda Montenegro. Formado na Escola Louis Lumière de Paris, ele se destacou por produções populares e elogiadas pela crítica. Fenômeno de bilheteria, “Dois filhos de Francisco” levou 5,3 milhões de espectadores aos cinemas e arrecadou mais de R$ 34 milhões, ultrapassando, à época, o recorde de “Carandiru” (2003), de Hector Babenco. — Esse filme mudou minha vida para sempre — ressaltou o cineasta ao GLOBO, em 2020.

A ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, uma das atletas mais importantes do Brasil, morreu em novembro, aos 62 anos. Na semana anterior, ela havia sido indicada para a pasta do esporte na equipe de transição do governo Lula. Nas quadras, foi revelada pelo Flamengo e fez história ao ser a primeira jogadora brasileira a atuar na Europa, isso no começo da década de 1980. Em 2016, foi um dos nomes a carregar a tocha olímpica já no Rio, cidade-sede dos Jogos e sua terra natal.

Isabel atuou nas Olimpíadas de Moscou (1980) e Los Angeles (1984,) numa época em que a seleção brasileira feminina ainda dava seus primeiros passos na profissionalização. Rotulada de “musa”, notabilizou-se por uma — pouco comum para a época — voz feminina forte e a assertiva postura de defesa das suas ideias. Foi ainda a primeira atleta a jogar grávida e colocar em discussão a relação das mulheres com o esporte e a maternidade.

O ex-pugilista brasileiro, Éder Jofre, que entrou para Hall da Fama do boxe em 2021, morreu em outubro, aos 86 anos. Jofre era considerado por muitos como o maior boxeador peso galo brasileiro de todos os tempos. Ele foi campeão mundial da categoria de 1960 a 1965. Em 1973 conquistou o título mundial como peso pena, uma categoria acima do peso galo. Em 1997, foi apontado pela revista The Ring como o nono maior pugilista de todos os tempos.

Considerado um dos maiores jogadores da história do Boston Celtics e da NBA, Bill Russell morreu em julho, aos 88 anos. Ao longo de sua carreira no basquete, o pivô compilou um legado de conquistas inigualáveis em qualquer esporte. Como o jogador defensivo dominante de sua geração, ele ganhou uma medalha de ouro olímpica para o time de basquete dos EUA em 1956 e, nos 13 anos seguintes, levou o Boston Celtics a 11 campeonatos da NBA. Ele é considerado o atleta mais vitorioso da liga.

A velejadora Eya Guezguez, da Tunísia, atleta mais jovem da modalidade a disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio, morreu em abril, aos 17 anos. Em Tóquio, Eya e a irmã Sarra Guezguez ficaram na 21ª posição da prova 49ers FX, bateria que teve como vencedoras as brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze.

Francisco “Paco” Gento, um dos maiores jogadores da história do Real Madrid e campeão europeu com a seleção da Espanha, morreu em abril, aos 88 anos de idade. O ponta-esquerda fez 600 partidas pelo Real Madrid e marcou 182 gols. Gento continua sendo o único jogador a ter vencido seis Copas Europeias e também ganhou 12 vezes o Campeonato Espanhol, dois títulos da Copa do Rei e uma Copa Intercontinental durante seu tempo no Real.

Freddy Rincón, um dos maiores jogadores da história da Colômbia que deixou seu legado na seleção nacional e no futebol brasileiro, principalmente pelas passagens no Palmeiras e no Corinthians, morreu em abril, aos 55 anos.

Uwe Seeler, uma das principais figuras do futebol alemão após a Segunda Guerra Mundial, morreu em julho, aos 85 anos. Ele vestiu as cores da seleção da Alemanha Ocidental entre 1954 e 1970, onde alcançou uma marca histórica, sendo um dos quatro atletas a marcar gols em quatro mundiais (1958, 1962, 1966 e 1970) — ao lado de Pelé, Klose e Cristiano Ronaldo. Seeler era conhecido e respeitado por seu senso de fair play, tendo sido expulso apenas uma vez em toda a sua carreira.

George Cohen, vice-capitão da Inglaterra campeã do mundo de 1966, morreu neste mês de dezembro, aos 83 anos. Atuou em todas as partidas daquela campanha, que culminou na única e histórica conquista mundial inglesa: Uruguai, México e França pela fase de grupos e Argentina, Portugal e Alemanha Ocidental, por quartas de final, semifinal e final, respectivamente.

O ex-piloto francês de Fórmula 1 Patrick Tambay morreu neste mês de dezembro, aos 73 anos. Tambay venceu dois Grandes Prêmios, um em 1982 e outro em 1983 ao volante de uma Ferrari. Ao longo de sua carreira, também competiu pelas equipes McLaren e Renault. Seu recorde também inclui dois campeonatos norte-americanos da CanAm (1977 e 1980).

O ex-surfista surfista profissional australiano Chris Davidson morreu em setembro, aos 45 anos. ‘Davo’, como era conhecido, chegou a ser número 14 do mundo na temporada de 2010. Na semana anterior, Kalani David, surfista havaiano de 24 anos, também morreu. Conhecido por seu talento tanto no mar quanto nas pistas de skate, o atleta foi campeão mundial juvenil sub-16 da International Surfing Association, em 2012.

O lutador de MMA Stephan Bonnar morreu neste sábado, aos 45 anos. Aposentado do octógono desde 2012, Bonnar foi finalista da primeira edição do reality show ‘The Ultimate Fighter’ e era membro do Hall da Fama do UFC. Ao longo de sua carreira, competiu contra nomes como Forrest Griffin, Jon Jones, Mark Coleman, Krzysztof Soszynski, Igor Pokrajac, Kyle Kingsbury e Anderson Silva.

A morte da rainha Elizabeth II, em setembro, aos 96 anos, marcou o fim de uma era. Em um país cada vez mais polarizado, Elizabeth Alexandra Mary Windsor era ponto pacífico que ainda unia a grande maioria da população: ricos e pobres, monarquistas e até alguns republicanos. Seu reinado — o mais longevo da História britânica — durou sete décadas e sete meses. Atravessou o fim progressivo do império, o período da Guerra Fria, sucessivas crises políticas e econômicas, a entrada e a saída da União Europeia, uma pandemia global.

Alguns personagens-chave da história da ditadura argentina (1976-1985) morreram este ano. Miguel Osvaldo Etchecolatz, um dos principais nomes da repressão na ditadura do país e condenado nove vezes à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, morreu em julho, aos 93 anos. Nas últimas semanas de vida, chegou a receber o benefício da prisão domiciliar, por motivos de saúde, mas a quantidade de processos contra ele impediu que deixasse o cárcere comum.

Em publicação no Twitter, a organização Avós da Praça de Maio lembrou que, até o último dia de vida, Etchecolatz se manteve em silêncio, sem admitir os próprios crimes ou dar detalhes sobre o que aconteceu com suas vítimas. “Ele leva consigo a verdade sobre o destino de nossos/nossas filhos/filhas e netos/netas, mas buscamos a justiça e a memória para sustentar o Nunca Mais”, escreveu a organização.

Uma das fundadoras da organização argentina, Delia Giovanola, e uma de suas líderes históricas, Hebe de Bonafini, também morreram este ano. Delia morreu em julho, aos 96 anos, sete meses depois de reencontrar o neto, sequestrado após ter nascido em cativeiro durante a ditadura. Hebe morreu em novembro, aos 93 anos. A ativista dos direitos humanos teve dois filhos e uma nora desaparecidos durante a ditadura.

O último líder da União Soviética, Mikhail Sergeievich Gorbachev, morreu em agosto, aos 91 anos. Um homem à frente do seu tempo, Gorbachev brigou por reformas econômicas, na “perestroika” (reestruturação), e políticas, na “glasnost” (transparência), mas não conseguiu controlar as forças, até então reprimidas, que libertou com o novo, depois de 74 anos de regime soviético. Desagradou as fileiras linha-dura do partido e enfrentou uma tentativa de golpe três meses antes de renunciar, em 1991.

Ex-líder da Bielorrússia, Stanislav Shushkevich, morreu em maio, aos 87 anos. Ele ficou conhecido por ser um dos homens que comunicou a Gorbachev que o regime soviético havia colapsado, em 1991. “A URSS como realidade geopolítica e como sujeito de direito internacional deixou de existir”, dizia o comunicado conjunto assinado com então presidente russo, Boris Yeltsin, e o ucraniano Leonid Kravchuk, anunciando a formação de uma nova Comunidade de Estados Independentes. Shushkevich governou a Bielorrússia até 1994 e era crítico do governo de seu sucessor Lukashenko.

Último chefe do serviço secreto soviético, a KGB, o russo Vadim Bakatin morreu em agosto, aos 84 anos. Bakatin foi indicado ao cargo por Gorbachev em 1991, após o incumbente anterior, Vladimir Kryuchkev, ter participado da tentativa de golpe contra o então líder soviético, em agosto daquele ano. No comando do serviço de inteligência da União Soviética, Bakatin tinha como missão modernizá-lo. Antes de ocupar o cargo de chefe da KGB, Bakatin chegou a ser ministro do Interior.

Ex-ativista dos Panteras Negras que passou 43 anos em confinamento solitário, Albert Woodfox morreu em agosto, aos 75 anos, seis anos depois de ser libertado da prisão. Como preso, ele passou mais de quatro décadas sozinho em uma cela minúscula por um assassinato que sempre negou, tornando-se o símbolo das falhas do mundo prisional americano.

Madeleine Albright, primeira mulher comandar diplomacia americana, morreu em março, aos 84 anos. Quando criança, fugiu dos nazistas na Tchecoslováquia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Madeleine, que foi embaixadora dos EUA nas Nações Unidas (1993-1997) e secretária de Estado do presidente Bill Clinton (1997-2001), foi uma diplomata de posições firmes em um governo que hesitou em se envolver em duas das maiores crises externas dos anos 90: os genocídios em Ruanda (1994) e na Bósnia e Herzegovina.

Sua influência mundial tornou-se tão grande que foi comparada à da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, na década de 1980. Em 2018, ela lançou o livro “Fascismo: um alerta”, que se tornou um best-seller em vários países.

Ken Starr, o promotor especial designado para a investigação que levou à abertura do processo de impeachment do então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, em 1998, morreu em setembro, aos 76 anos. Durante o processo, o ex-juiz e ex-promotor especial obrigou o então presidente a expor publicamente detalhes de seu relacionamento com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky, mas isso não foi o bastante para “acabar” com ele: Clinton acabou sendo absolvido pelo Senado em 1999.

Secretária de Schindler, que ajudou a salvar milhares de judeus do Nazismo, Mimi Reinhardt morreu em abril, aos 107 anos. Ela era encarregada de elaborar as listas de trabalhadores judeus do gueto da cidade polonesa de Cracóvia recrutados para trabalhar na fábrica de Schindler, salvando-os da deportação para os campos de concentração. Estima-se que foram salvos 1.300 judeus por causa disso.

Andor Stern, o único brasileiro sobrevivente do Holocausto, morreu em abril, aos 94 anos. Boris Romanchenko, outro sobrevivente do Holocausto, morreu em março após ataque russo na Ucrânia, aos 96 anos.

O General Newton Cruz, ex-chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) na ditadura militar, morreu em abril, aos 97 anos. O militar comandou o SNI entre os anos 1977 e 1983 e foi acusado de participar da tentativa de atentado a bomba no Riocentro em 1981. Ele chegou a ser denunciado pelo MPF em 2014 por participação no atentado e recebeu, meses depois, da Justiça Federal, um habeas corpus. Além dele, outros quatro militares e um delegado foram beneficiados.

Cruz também foi apontado pela Comissão da Verdade como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura e acusado de participação no assassinato do jornalista Alexandre von Baumgarten, ex-diretor da extinta revista O Cruzeiro, crime do qual posteriormente foi julgado e absolvido.

Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de SP e amigo do Papa Francisco, morreu em julho, aos 87 anos. Pela ditadura militar, foi vigiado e fichado como subversivo. Papéis do Serviço Nacional de Informações (SNI) descrevem Hummes como um agitador a serviço da “revolução popular”. No período em que atuou como bispo de Santo André, ele aproximou a Igreja dos trabalhadores e apoiou as greves do ABC paulista, que agitaram o país a partir de 1979.

Dois ex-ministros da Fazenda morreram este ano: Ernane Galvêas, que liderou a pasta no período mais turbulento da história econômica do país, no início dos anos 1980, e Eduardo Guardia, economista que foi ministro da pasta durante o governo Michel Temer. Galvêas morreu em junho, aos 99 anos, e Guardia morreu em abril, aos 56.

Ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury Filho morreu aos 73 anos, em novembro. Então no PMDB, ele governou o estado entre 1991 e 1994, mandato marcado pelo Massacre do Carandiru. Uma das principais lideranças do MDB na oposição à ditadura militar, o ex-deputado federal Jorge Uequed morreu em novembro, aos 80 anos. Na Câmara, Uequed foi autor do projeto de lei 991/1988, que gerou a lei que criou o Seguro-Desemprego, o abono salarial e o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), base orçamentária para o FGTS.

Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava-Jato, morreu aos 68 anos, em agosto. Conhecido como ‘delator-bomba’, Costa, que teria sido indicado ao cargo pelo PP, foi preso depois do doleiro Alberto Youssef, outro alvo da operação e seu parceiro de negócios.

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