Entre mais de 20 mil peças, uma pedra roxa com textura e aparência que imitam a imensidão do universo, chamou a atenção de Maria Eduarda Boaventura, 11 anos. No primeiro dia da reabertura do Museu Geológico da Bahia, no bairro do Corredor da Vitória, em Salvador, ela, que é apaixonada por pedras, enfim, pôde ver de perto uma quartzo.
“Acho elas muito bonitas, porque têm vários modelos diferentes que acabam se destacando no meio das outras”, afirmou a jovem apreciadora. Após fechar em 2020, por causa da pandemia da covid-19, o espaço que abriga rochas, minerais, meteoritos e fósseis, teve a estrutura física renovada. E ontem, após dois anos, foi reaberto para visitas.
Ao todo, o local conta com 15 salas temáticas, que podem ser visitadas de segunda a sexta, de terça à sexta-feira, das 13h às 18h e aos sábados e domingos, das 13h às 17h, gratuitamente. Nele, está preservado parte do patrimônio científico e cultural da mineração baiana, conforme explica a geóloga do Museu Geológico da Bahia, Elisandra Pinheiro. “É um espaço que guarda este acervo e que, de forma prazerosa, transmite esse conhecimento e informações que está tão ligados aos baianos”, descreveu.
Na entrada, a recepção dos visitantes fica a cargo do maior meteorito brasileiro. Ele foi encontrado no município de Monte Santo, no Sertão da Bahia, em 1784, e batizado de Bendegó. No mesmo espaço há pelo menos outros 20 meteoritos menores, sendo que um deles é disponibilizado para as pessoas tocarem e até tentarem carregá-lo.
Verbo que, segundo a estudante de geografia, Júlia Almeida, 23 anos, é o ideal para descrever o nível da força que deve ser aplicada para tirar a pedra do lugar. “Está muito longe de ser uma pedra comum. Eu não esperava que fosse tão pesada. Me senti tentado tirar o martelo de Thor da rocha, ou seja, impossível”, brincou a graduanda.
Ao lado da peça maior, há uma porta que leva para a sala temática do Sistema Solar. Decorada do chão ao teto, é possível ter uma dimensão mais clara da distribuição dos planetas na parte do universo que abriga a Terra. Em outra área é possível conhecer diversas amostras de pedras preciosas em estado bruto. Há esmeraldas, cristais, turmalina, entre outras.
No segundo andar do prédio, ferramentas usadas por garimpeiros na Chapada Diamantina contam como elas são extraídas. Após serem encontradas, a próxima fase é a lapidação. Para ver como as pedras ficam depois deste processo, basta caminhar até a sala em frente. Rubis, esmeraldas e diamantes ganham mais brilho e novos formatos.
O resultado também pode ser conferido lá mesmo, nos brincos, colares e anéis ornamentados com as pedras e expostos em prateleiras de vidro. “Impressionante. A gente até tenta imaginar o trabalho que dá, mas nem chega perto do que é mostrado aqui. Ver a rocha e depois ver as peças prontas é uma experiência incrível”, descreve o empresário Roberto Rios, 52 anos.
Outro marco brasileiro sediado na Bahia e guardado pelo museu, são as ferramentas que narram o descobrimento do petróleo no país. Descoberto na década de 30, no bairro do Lobato, em Salvador, também é chamado de ouro negro. “Aqui também temos o processo de estudo para extração do material no mar e em outras profundezas” explica a geóloga Elisandra Pinheiro.
Além dos quatro andares de acervo geológico, no prédio do museu também há um auditório com 125 lugares, onde ocorrem reuniões científicas e palestras educativas. Bem como uma das Saladearte Cinema e um café, onde é possível apreciar um mural de pedras feito pelo artista plástico baiano, Juarez Paraíso.
Fósseis
Queridinho das crianças, a Sala dos Fósseis é o ambiente mais visitado do Museu Geológico da Bahia. Localizada no subsolo do prédio, ela abriga a reprodução em tamanho real de um animal pré-histórico que se assemelha ao que conhecemos hoje como um elefante. Também é possível ver uma réplica do seu esqueleto e algumas partes originais, como o pescoço.
Alguns dos fósseis de insetos e crustáceos mais antigos já encontrados no estado também estão na sala. Além deles, há partes de ossos que pertenceram a preguiças gigantes, tatus do tamanho de um carro e tigres que viveram na terra há milhões de anos.
Com a proposta de uma viagem no tempo, o museu também recebe visitas pedagógicas. Para isto, é preciso agendar pelo telefone (71) 3336-6922. A visitação dá direito a um guia e os grupos precisam ser formados por no mínimo 10 pessoas e no máximo 40.
Reforma estrutural
Aberto há quatro décadas, para garantir a preservação do patrimônio científico e cultural da Bahia, a estrutura do Museu Geológico passou por reparos. Para isto, foram investidos aproximadamente R$ 456 mil.
Com o valor, foi realizada a recuperação dos telhados de cerâmica e a troca do piso vinílico de duas salas, pelo modelo de cerâmica. Além do tratamento de ferragens, reforma da cozinha e complementação de azulejos no laboratório.
Já na parte elétrica, os quadros de distribuição de baixa tensão e iluminação foram revisados e substituídos. Com isso, o espaço ganhou uma iluminação mais potente, com refletores de led.
A entrada no museu só é permitida mediante apresentação de comprovante de vacinação contra a Covid-19. O uso de máscara de proteção também é obrigatório.
Serviço:
Museu Geológico da Bahia
Local: Avenida Sete de Setembro, 2195 – Corredor da Vitória
Horário: de terça à sexta-feira, das 13h às 18h e aos sábados e domingos, das 13h às 17h.
Valor: gratuito
Visita pedagógica
Agendamento: (71) 3336-6922
Grupos: de 10 a 40 pessoas