O número de empresas inadimplentes no Brasil cresceu 8,5% em outubro, em relação ao ano passado, chegando a 6,33 milhões, segundo levantamento da Serasa Experian. A quantidade é a maior já registrada desde o início da série histórica, em 2016 e reflete a piora da situação financeira das famílias e os efeitos do aumento da taxa de juros.
Especialistas acham que a inadimplência das companhias também pode estar ligada ao vencimento das dívidas feitas ao longo da pandemia. Parte das empresas aproveitou o ambiente propício – com juros mais baixos e maior oferta de crédito – para reforçar o caixa e financiar as atividades. “Naquele momento, fazia muito sentido para as companhias negociarem suas dívidas, mas agora os prazos devem estar se aproximando e, dada a situação complicada, muitas delas não conseguiram cumprir com as obrigações”, afirma Burt.
O aumento reflete diretamente a menor capacidade das famílias de honrar suas contas em meio à alta dos preços, diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. “A inflação puxou a inadimplência das pessoas físicas, que tem crescido desde outubro de 2021, e teve efeito também na inadimplência das companhias”, afirma. O avanço da taxa básica de juros (Selic) foi outro fator que teve peso negativo, já que elevou os custos para rolagem das dívidas das empresas.
A expectativa é que o cenário para as companhias não mude até, pelo menos, a metade de 2023. Para que a situação fique estável é necessário que a inflação caia de forma consistente e não apenas por causa de fatores temporários e que os juros parem de subir.
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