Os desafios que serão enfrentados pelo movimento negro na atual conjuntura política do Brasil no pós-eleições foi tema de live promovida pela rede “Afro Aquilombar” que contou com a participação de diversas lideranças do ativismo negro baiano.
Convidado para participar da live, o cientista social e ex-candidato ao Governo da Bahia, Kleber Rosa (PSOL), salientou que o governo de Lula terá um caráter mais de “transição” pois, segundo o psolista, Bolsonaro foi derrotado nas urnas, mas o “bolsonarismo” enquanto ideologia nazifascista, ainda “continua viva” na sociedade brasileira, portanto, a próxima gestão será marcada por uma política de “conciliação de classes” entre os setores da esquerda, centro e também da direita.
” A gente jamais iria imaginar FHC pedindo voto para Lula. Para garantimos a governabilidade, vamos ter que negociar com o centro e, inclusive, com a direita brasileira. Não podemos perder de vista que temos um inimigo comum que é o bolsonarismo. Vamos precisar ao longo do governo Lula fazer um enfrentamento sério à ideologia bolsonarista. Então, esse é o nosso inimigo comum”, avaliou Kleber Rosa. O cientista social ressaltou que, na atual conjuntura, não há espaço para uma luta de classes e acredita que as pautas identitárias, como as demandas das comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas, do movimento negro, da reforma agrária, das mulheres, da comunidade LGBTQIAP+ estarão mais no centro do debate.
” Não temos contexto agora para uma luta de classes, muito pelo contrário, vamos ter que adotar uma política de conciliação de classes, mas acredito que o governo Lula irá priorizar as demandas dos movimentos sociais de uma forma geral e nós, enquanto movimento negro, temos que demarcar o nosso papel, o protagonismo da esquerda negra no nosso país. Não podemos permitir que a esquerda branca continue nos invisibilizando”, frisou o ativista do movimento negro, Kleber Rosa, na noite da última terça-feira (9).