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COMPROMISSOS ECONÔMICOS SÃO ESQUECIDOS POR LULA E BOLSONARO PARA EVITAR ALTA DE REJEIÇÃO

Redação - 13/10/2022 06:36 - Atualizado 13/10/2022

A campanha se encaminha para sua parte final e os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) estão fazendo de tudo para evitar que as rejeições cresçam nesse segundo turno.

Inclusive deixar os compromissos econômicos mais duros sem uma explicação clara e questões polêmicas sem nenhum tipo de comentário. Por exemplo combate a corrupção e o teto de gastos.

Nas ocasiões recentes em que mencionaram publicamente pautas como a revisão da tabela do Imposto de Renda (IR), mudanças na regra do teto de gastos e o relacionamento com instituições como a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), os candidatos buscaram acenar com diretrizes sem se comprometer com uma fórmula específica. Para especialistas, ambos tentam acenar a um eleitor mais cético quanto a suas candidaturas sem desagradar as bases.

Lula reapresentou nesta semana uma proposta de aumentar a faixa de isenção no IR para R$ 5 mil, mirando um eleitorado de classe média. A ideia já havia sido trazida pelo ex-presidente no início da corrida eleitoral, mas foi deixada de lado após economistas ligados à campanha avaliarem que a iniciativa poderia não ter efeito prático para reduzir a concentração de riqueza, por implicar em reajustes de alíquotas também para outras faixas.

Em discurso na Bahia nesta quarta-feira, o petista defendeu sua proposta afirmando que o modelo atual de tributação igualaria mais pobres e mais ricos, mas ressaltando não querer “tirar nada de ninguém”, em um gesto também às classes de renda mais altas. As diretrizes de governo apresentadas pela campanha de Lula falam em “fazer os muito ricos pagarem Imposto de Renda”, sem detalhar a ideia.

Mudanças de posicionamento do petista já apareceram na área de combate à corrupção. Após ter exaltado em diferentes momentos o fato de seu governo ter iniciado a prática de seguir a lista tríplice do Ministério Público Federal (MPF) na nomeação do PGR, Lula não quis se comprometer com o modelo na campanha. Em sabatina ao Jornal Nacional da TV Globo antes do primeiro turno, o petista disse que queria deixar “uma pulguinha atrás da orelha” dos procuradores, em meio a críticas à atuação do MPF contra si mesmo na Lava-Jato.

Bolsonaro, por sua vez, tem dado enfoque em seus discursos a indicadores negativos na economia após o governo Dilma Rousseff (PT) e a investigações por corrupção contra Lula, cujas sentenças na Lava-Jato foram anuladas. Com a estratégia, que envolve ainda temas como aborto, e sem detalhar como cumprir metas estipuladas para seu próximo mandato, o presidente tenta ampliar a rejeição ao petista, que chegou a 42% segundo a última pesquisa Ipec; a rejeição a Bolsonaro, no mesmo levantamento, oscilou de 50% para 48%.

Na avaliação do cientista político Josué Medeiros, do Núcleo de Estudos sobre a Democracia (Nudeb) da UFRJ, Bolsonaro mantém na campanha um padrão de oscilações em seus posicionamentos, por vezes contraditórios entre si. Embora, em acenos ao mercado, venha elogiando a performance do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente já sugeriu na campanha a intenção de recriar pastas como Indústria e Comércio, que hoje estão sob a alçada de seu ministério. Na campanha de 2018, em um gesto que buscava demarcar distância para acordos políticos que envolveram denúncias de corrupção, Bolsonaro chegou a prometer “no máximo” 15 ministérios, oito a menos do que o número atual.

Lula, por sua vez, deixa “portas de saída” ao falar sobre propostas para não ficar posicionado muito à esquerda, segundo Medeiros. O petista tem buscado atrair neste segundo turno forças de centro, como a presidenciável Simone Tebet (MDB), e também colheu apoios de economistas com perfil liberal, como o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga.

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