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ADARY OLIVEIRA- A PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES E O AGRONEGÓCIO

Redação - 26/09/2022 09:44 - Atualizado 26/09/2022

Depois que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) idealizada por Alysson Paulinelli provou através da pesquisa que os cerrados brasileiros poderiam ser agricultáveis com uso de técnicas específicas, a produção de grãos e algodão do Brasil passou a ter uma expansão acelerada e não parou mais de crescer. Nosso país lidera o desenvolvimento da produção de soja, milho e algodão, mas também cana-de-açúcar, carne, café, celulose de fibra longa, todos com baixo custo de produção, tornando-se o mais promissor produtor de agrícolas, sobretudo alimentos, do globo. Para garantir a eficiência dos solos e sua alta produtividade, tal expansão tem puxado o aumento do consumo por fertilizantes, gerando um incremento sem precedentes dos insumos básicos para a formulação de nutrientes agrários.

Segundo estudos realizados pela Organização da Nações Unidas (ONU) em 2009, a população mundial terá um aumento de cerca de 75 milhões de consumidores de alimentos por ano, trazendo como consequência a necessidade cada vez maior de terras cultiváveis com alta fertilidade agrícola. Com as limitações do mundo em relação às disponibilidades de terra, para que haja aumento da produção com baixo custo, torna-se necessário o uso intenso de fertilizantes com novas tecnologias afim de garantir elevados níveis de produtividade.

Até chegar ao bloco das misturadoras e granuladoras formuladores das misturas NPK que abastecem os atacadistas e varejistas dos produtos finais usados pelos agricultores para fortalecimento nutricional da terra, o setor passa por três importantes etapas da cadeia: a) a produção dos insumos básicos tais como os supridores de nitrogênio (gás natural, gás residual, nafta e resíduo asfáltico), o enxofre, as rochas fosfáticas e as rochas potássicas; b) a fabricação de matérias-primas intermediárias: amônia, ácido nítrico, ácido sulfúrico e ácido fosfórico; c) a manufatura de fertilizantes básicos: nitrato de amônio, ureia, sulfato de amônio, monoamônio fosfato (MAP), diamônio fosfato (DAP), superfosfato triplo (SFT), superfosfato simples (SFS) e cloreto de potássio. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) o Brasil, já em 2006, era o quarto maior demandante mundial de nutrientes para a formulação de fertilizantes, representando cerca de 5,9% do consumo mundial, ficando atrás apenas da China, Índia e Estados Unidos. Do total consumido importa do exterior aproximadamente 85%, porcentual extremamente elevado.

As dificuldades do setor não param nas necessidades de importações. A disponibilidade de gás natural de baixo custo, a exploração de minérios de fósforo e potássio com falta de reservas disponíveis, os fatores sazonais próprios do setor, as restrições ambientais da perda da biodiversidade, a erosão dos solos e os problemas causados pela mineração, são alguns dos problemas ainda não totalmente resolvidos que demandam pesquisas e altos investimentos.

Contudo, se por um lado, são enormes os problemas a serem resolvidos, por outro lado, eles representam oportunidades imensas de investimentos no aumento da produção de bens e serviços geradores de riquezas. Tais bens quando não são produzidos aqui levam para o exterior os milhares de empregos do qual somos carentes. No setor do agronegócio a substituição de importações não representa uma estratégia de desenvolvimento superada, ela é atual e absolutamente necessária. O Governo Federal, através do Decreto nº 10.991, publicado no Diário Oficial da União em março deste ano, criou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) com o objetivo de diminuir a dependência externa dos vários tipos de fertilizantes, reduzindo essa dependência de 85% para 50%. A sua execução representa um primeiro passo de elevado valor estratégico.

Embora se possa afirmar que esse caminho nos leva para a permanência definitiva como exportadores de produtos primários de baixo valor adicionado, não vejo nenhum problema nisso. Os produtos agrícolas se constituem em commodities que são renováveis a cada ano, ao contrário das commodities minerais que são finitas. Além do mais, produzir alimentos é uma atividade de alta nobreza por contribuir para a eliminação da fome no mundo.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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