As vendas do comércio baiano em julho atingiram R$ 9,2 bilhões, queda de 10,7% em relação ao mesmo mês de 2021, sendo o quarto recuo consecutivo. De acordo com o levantamento mensal da Fecomércio-BA, com base nas informações do IBGE, no acumulado do ano o resultado do comércio do estado é negativo em 3,7%. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (15).
“O aumento dos juros está sendo o grande limitador das vendas no varejo. Inclusive, todos os setores que dependem de algum grau de crédito caíram. O destaque foi do segmento de móveis e decoração, com variação negativa de 34,6%. Além desse, lojas de eletrodomésticos e eletrônicos recuaram 19% e materiais de construção caíram 11,2%”, esclarece o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.
Embora esses setores tenham tido um ótimo desempenho no ano passado, a situação mudou rapidamente com o aumento da taxa de juros neste ano. Para o economista, “essa variável não afeta somente a compra direta pelo consumidor que vê os produtos mais caros ao pagar parcelado ou ficam com restrição de crédito por conta dos bancos e financeiras, mas também os importantes segmentos da economia regional, o da construção civil e mercado imobiliário”.
Outra queda significativa foi das concessionárias de veículos e motos, de -19% no contraponto anual. As demais retrações foram do grupo Outras Atividades (-9,9%) e das lojas de vestuário, tecidos e calçados (-9,7%).
Os únicos setores que registraram aumento nas vendas foram os básicos de consumo: Farmácias e Supermercados. O primeiro avançou 7,6%, mantendo a sequência de 26 altas consecutivas. E o segundo cresceu 3,3%. Apesar das quedas sequenciais no comércio geral, a tendência é de melhora nas variações para o restante do segundo semestre.
“A inadimplência elevada, por outro lado, torna-se um complicador para a retomada do setor no segundo semestre. Antes de voltar ao consumo de forma mais forte, as famílias precisam acertar as contas atrasadas. E mesmo tendo a chance de quitar as dívidas, o consumo ficará limitado por conta da restrição de crédito”, pontua Dietze.
Portanto, o cenário é mais favorável para o restante do ano, contudo com grandes limitadores de consumo, deixando as vendas do comércio muito aquém das expectativas dos empresários.
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