Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) conclui que no período de 2002 a 2020, os gastos dos governos municipal, estadual e federal com pessoal não apresentam crescimento descontrolado ou risco às contas públicas. Os dados indicam para um crescimento de 0,96% nos gastos do governo geral, envolvendo as três esferas da federação, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A nota técnica analisou dados de 2002 a 2020 sobre os gastos e receitas dos três âmbitos governamentais e concluiu que “carecem estatísticas consistentes que corroborem os argumentos alarmistas de que o gasto com servidores ativos é muito alto”.
De acordo com os dados analisados, os governos municipais foram os principais responsáveis pelo aumento dos gastos, alta de 1,25%. Segundo os pesquisadores, crescimento desse tipo de despesa em 2020 indica um efeito combinado da emergência sanitária da pandemia da Covid-19 sobre a demanda por profissionais de saúde com a queda do PIB. No mesmo período, o governo federal apresentou queda do gasto com salários e vencimentos de servidores, em relação ao PIB, passando de 2,6% em 2002, para 2,4% em 2020. No caso dos governos estaduais, após um período de crescimento entre 2002 e 2015, de 3,8% para 4% do PIB, as despesas se retraíram para 3,7% do PIB no ano da pandemia.
Os pesquisadores apontam também que o não crescimento desses gastos não significa uma falta de prestação de serviços públicos, uma vez que os dados mostram que o maior crescimento real das despesas ocorreu na esfera municipal, justamente a principal responsável pela execução de serviços diretos à população, como educação e saúde básicas, por exemplo.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil