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A INADIMPLÊNCIA E O VAREJO NA BAHIA – ARMANDO AVENA

Redação - 25/08/2022 07:16

Um dos maiores problemas da economia baiana é a inadimplência. A Bahia possui neste momento 4 milhões de pessoas com algum tipo de dívida, segundo pesquisa da Fecomércio-BA. Em Salvador a situação não é diferente e quatro a cada dez famílias estão com contas em atraso, o que significa que 377 mil famílias estão com alguma dívida na praça.

As razões para esse alto nível de inadimplência, um dos maiores do país, são três:  taxa de desemprego elevadíssima, inflação e taxa de juros nas alturas. A taxa de desemprego na Bahia caiu um pouco, mas ainda está em 15,5%, a maior do país, e ainda existem 612 mil baianos desalentados, ou seja, que sequer procuram emprego. Outra razão para a inadimplência é o aumento na inflação, pois aquela pessoa que não está desempregada também passou a atrasar os compromissos, já que vem perdendo poder aquisitivo a cada mês.

É verdade que em julho houve deflação e o preço de combustíveis e energia caíram, porque são preços administrados pelo governo, mas isso afeta pouco os endividados, pois mais de 50% deles são famílias de baixa renda cujo consumo está concentrado em alimentação e os gêneros alimentícios continuam subindo de preços. A Fecomércio-Ba estima em cerca de R$ 13 milhões as dívidas não pagas e cerca de metade das famílias devedoras tem dívidas de até mil reais.

O terceiro motivo para a inadimplência recorde é o nível elevado das taxas de juros, que pulou de 2% para quase 14%, nos últimos 12 meses. Isso fez com que as prestações de contratos que seguiam a taxa Selic, como os financiamentos imobiliários, se elevassem de forma acelerada e muitas famílias perderam a capacidade de pagamento.

Vale lembrar que a taxa Selic de 13,75%, se transforma em mais de 50% no crédito pessoal, em mais de  200% no cheque especial  e em mais de 350% no rotativo do cartão de crédito e aí, especialmente neste último, reside a maior parte da inadimplência. A elevação da taxa de juros e a alta inadimplência fizeram as vendas no varejo baiano desabarem. As vendas no setor de vestuário, por exemplo, caíram 23% e no setor de móveis e eletrodomésticos a redução foi de  30%, no primeiro semestre de 2022, segundo a SEI. E continuaram caindo em julho.

A população baiana é uma das mais pobres do país e é a compra a crédito que viabiliza as vendas, por isso, enquanto os juros não começarem a cair, não haverá recuperação sustentada no setor, mesmo com o aumento no valor do Auxílio Brasil, que pode elevar as vendas no setor de supermercado e nada mais. E, para completar, a retomada no mercado de trabalho está se dando com salários mais baixos e é insuficiente para fazer frente a inflação, mesmo com ela em queda.  Em 2022, o varejo é o segmento com o pior desempenho na economia baiana.

                                          NEGÓCIO DA CHINA

 Os brasileiros estão comprando como nunca em um aplicativo chinês que coloca quatro mil itens à venda diariamente, especialmente vestuário e calçados. Trata-se da Shein, uma plataforma digital de venda que está bombando entre os jovens e as dondocas de classe média, pois vende produtos de qualidade a preços baixíssimos e montou um sistema de venda em que as peças são compradas sob medida. E o pulo do gato: sem sede no Brasil, criou um sistema de micro influenciadores que recebem descontos por meio de permuta de peças e postam suas fotos vestindo as roupas nas redes sociais. Com preços baixíssimos em moda top, adulta e infantil, e itens de beleza, decoração e pet, fica difícil competir.

                                     MERCADO IMOBILIÁRIO NA BAHIA

 O mercado imobiliário destinado a classe média alta continua aquecido na Bahia mesmo com as taxas de juros altas. Isso por conta da pandemia, que mostrou o quão importante é ter uma boa moradia, e porque os imóveis continuam sendo um bom investimento para quem privilegia a segurança em relação à rentabilidade. Os novos lançamentos são de imóveis de luxo em bairros ricos como Horto Florestal, Ondina. Barra, Patamares e outros e de apartamentos de 1 e 2 quartos nos mesmos bairros, adquiridos por investidores. O mercado desacelerou para os imóveis voltados para a população de renda mais baixa, pois os preços subiram, com o aumento nos custos, e as taxas de financiamentos estão altas.

Publicado no jornal A Tarde em 25/08/2022

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