Segundo informações da coluna de Malu Gaspar do jornal o Globo, a comissão que permite militares fiscalizarem o processo eleitoral pode ser desfeita pelo novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre de Moraes. A última reunião, por videoconferência, foi em 20 de junho, quando o representante das Forças Armadas no grupo — o general Heber Portella — permaneceu o tempo todo calado e com a câmera desligada.
Foi Portella quem inundou o TSE com 88 perguntas sobre o sistema eletrônico de votação, que serviram de munição para os ataques infundados de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas — usadas pelos eleitores brasileiros desde 1996, sem nenhuma acusação de fraude comprovada. A comissão foi criada em setembro de 2021 pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, com o objetivo de aumentar a transparência e a segurança de todas as etapas do processo eleitoral.
Na época, Barroso acreditava na boa-fé dos militares nos trabalhos da comissão, mas na prática, ao arrastar as Forças Armadas para opinar sobre as urnas, o TSE acabou criando um problema. Agora, se o TSE encerrar os trabalhos do grupo, como defende uma ala, o ato pode ser interpretado como uma provocação aos militares, que não param de levantar dúvidas sobre o sistema eleitoral.
Por outro lado, seguir as atividades regulares da comissão pode manter o palco montado para as Forças Armadas apresentarem ainda mais questionamentos sobre as urnas. Nos bastidores, a avaliação é a de que a comissão já está em banho maria — e corre o risco de continuar assim até a realização das eleições, em outubro. Isso porque Moraes ainda não deu sinais do que pretende fazer com o grupo.
“Acho que a CTE (comissão de transparência eleitoral) já está em banho maria desde a crise das Forças Armadas”, avaliou um integrante do grupo sob a condição de anonimato. Outro membro da comissão faz uma análise menos pessimista. “Alexandre me parece gostar da comissão. Ele participou de todas as reuniões do começo ao fim”, avalia. A comissão é formada por integrantes do Congresso, Tribunal de Contas da União (TCU), Polícia Federal, OAB e especialistas do meio acadêmico e da sociedade civil.
Comandante de Defesa Cibernética, Portella foi escolhido a dedo pelo ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto para compor o grupo. Netto é hoje o companheiro de chapa de Jair Bolsonaro na disputa pela reeleição.
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