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NÚMERO DE EMPRÉSTIMOS NA BAHIA SOBE 65% EM QUATRO ANOS

Redação - 26/07/2022 06:50 - Atualizado 26/07/2022

O números de empréstimos na Bahia tem crescido assustadoramente. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, em fevereiro de 2022, foram utilizados R$ 112,9 milhões em operações de crédito para pessoas físicas na Bahia em 2022. Em fevereiro de 2018, o montante era de R$ 68 milhões. Em comparação, o valor total de empréstimos contraídos pelos baianos com bancos nos últimos quatro anos teve alta de 65% e, segundo especialistas, deve continuar a crescer.

Isso porque, em quatro anos, a perda do poder de compra do real foi de 27,68%. “Enquanto não houver recuperação do emprego positivo, as pessoas vão depender de crédito, porque a questão é que não tem alternativa, ou contraio o crédito ou tenho uma perda social muito grande na família — tirar filho da escola particular e colocar numa pública, por exemplo”, explica o economista Guilherme Dietze, Consultor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo da Bahia (Fecomércio-BA).

Em julho deste ano, duas pessoas da mesma família de Itabuna, no sul da Bahia, de 28 e 29 anos, que preferiram não se identificar, precisaram pegar empréstimos de R$ 3 mil para quitar as contas do mês. Uma delas pagará no final um valor de R$ 3,8 mil, já a outra pagará R$ 3,5 mil. Os motivos são simples: gastos excessivos no cartão de crédito e contas atrasadas. O mesmo foi feito duas vezes por um bacharel em humanidades e estudante de Direito de 34 anos. O soteropolitano conta que pegou pequenos empréstimos para lidar com o cartão. O primeiro foi de R$ 2 mil, no ano passado. “Eu tive que pagar uma quantia grande e vieram duas cobranças no mesmo mês. Na verdade, eu já estava descobrindo um santo para cobrir outro. Basicamente já estava vivendo para pagar o cartão de crédito”, conta.

Especialista em crédito do Serasa, Flávia Cosma analisa que o principal público em busca do empréstimo é aquele que requer o dinheiro para pagar outras dívidas, sobretudo do cartão de crédito. Para ela, a recorrência de contas atrasadas no crediário se faz devido à presença do crédito no dia a dia do trabalhador, para sustentar as contas de supermercado, farmácia e itens de compra doméstica.

Flávia ainda avalia que a solicitação de empréstimo por quem tem um baixo score – pontuação conforme hábito de pagamento – ou nome sujo era comum, no entanto, aumentou durante a pandemia. “Como tem aumentado muito o número de negativados, consequentemente, aumenta o número de pessoas que vêm buscar crédito com essas características. É o maior perfil com maior expressividade que a gente vê hoje no eCred”, observa o público que busca modalidade de crédito. “A gente está num momento onde tem muitas pessoas que perderam emprego e ficaram à margem do sistema econômico. Elas acabaram tendo que recorrer aos empréstimos para pagar aquela conta que ficou atrasada”, afirma.

O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-Ba), Edval Landulfo, concorda que os empréstimos têm sido, prioritariamente, buscados para cobrir dívidas ao invés de consumo. “Tem alguns produtos que subiram 50, 60% e a renda não acompanhou. Muitos estão endividados para poder comer, pagar energia, comprar o gás. Esse é o perfil dos maiores endividados, aqueles que ganham de um a três salários”, afirma. Já outros públicos, como quem ganha de dez a vinte a salários mínimos também tem buscado por crédito, mas por motivo e taxa de endividamento inferior, diz o economista. Prova disso é que o mercado imobiliário – comum nas aquisições do público de alta renda – está reaquecendo, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) houve um aumento de 42% nos lançamentos de imóveis durante novembro e dezembro de 2021 mais janeiro de 2022 no Brasil. (Correio)

Foto: divulgação

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